segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Antibióticos têm impacto a longo prazo na flora intestinal

Estudo publicado na revista “Microbiology”

A toma de antibióticos, mesmo de curta duração, pode fazer com que as bactérias que colonizam o intestino adquiram genes de resistência aos antibióticos durante um período de até dois anos após o tratamento, dá nota um estudo publicado na revista “Microbiology”.

Os antibióticos que são prescritos para tratar bactérias patogénicas também têm um impacto sobre a flora microbiana normal do intestino humano. Estes medicamentos podem alterar a composição das populações microbianas (potencialmente levando a outras doenças) e permitir que os microrganismos, que são naturalmente resistentes ao antibiótico, possam crescer.

Até há pouco tempo pensava-se que o impacto dos antibióticos na flora intestinal fosse apenas a curto prazo. No entanto, uma revisão de estudos sobre os impactos de longo prazo da terapia antibiótica revela que nem sempre é esse o caso. Estudos têm mostrado que genes de resistência podem ser detectados em microrganismos presentes no intestino depois de apenas sete dias de tratamento e que a estes genes se mantém até dois anos, mesmo que o indivíduo não tome mais antibióticos.

As consequências disto podem ser potencialmente fatais, explicou, em comunicado enviado à imprensa, a líder do estudo, Cecilia Jernberg do Instituto para o Controlo de Doenças Infecciosas, na Suécia. "A longa presença de genes de resistência em bactérias do intestino humano aumenta drasticamente a probabilidade de estes serem transferidos e utilizados por bactérias nocivas do intestino. Isso poderia comprometer o sucesso dos futuros tratamentos com antibióticos e, potencialmente, conduzir ao aparecimento de novas estirpes de bactérias resistentes a antibióticos."

O estudo ressalta a necessidade do uso de antibióticos de forma prudente. "A resistência aos antibióticos não é um problema novo e há uma batalha crescente com estirpes multi-resistentes das bactérias patogénicas. O desenvolvimento de novos antibióticos é lento e por isso temos de usar os fármacos eficazes que nos restam com cuidado," disse a investigadora, acrescentando que "esta nova informação sobre os impactos a longo prazo de antibióticos é de grande importância para permitir que as directrizes da administração racional de antibióticos sejam colocadas em prática".

Sem comentários:

Enviar um comentário