domingo, 11 de outubro de 2015

Intervenções precoces promovem hábitos saudáveis

Estudo publicado no “Journal of the American College of Cardiology”
A introdução de comportamentos saudáveis nas crianças em idade pré-escolar melhora o seu conhecimento, atitude e hábitos relativamente à adoção de uma dieta saudável e prática de exercício físico, o que poderá conduzir a uma redução da gordura corporal, atesta um estudo publicado no “Journal of the American College of Cardiology”.
Os investigadores preveem que este tipo de intervenções precoces não só se traduza num conhecimento duradouro dos hábitos saudáveis, como também possa encorajar os pais a adotar estilos de vida saudáveis. O estudo apurou que a adoção de dietas pouco saudáveis desde cedo pode contribuir para a doença cardiovascular mais tarde na vida e que determinadas condições de doença cardíaca podem ser definidas aos três anos de idade.
Para o estudo os investigadores contaram com a participação de mais de duas mil crianças oriundas de 24 escolas públicas de Madrid. As crianças foram submetidas a um programa de intervenção de estilo de vida saudável que envolveu a escola, professores e família com o intuito de promover a saúde cardiovascular através de dieta saudável, aumento da atividade física, a compreensão do corpo humano e gestão de emoções.
As crianças foram acompanhadas ao longo do programa e expostas a intervenções de estilo de vida ao longo de três, dois ou um, ano dependendo da idade que tinham no início do programa. Os participantes foram avaliados por psicólogos pediátricos no início do programa e anualmente ao longo de três anos através de um questionário para determinar o seu conhecimento, atitude e hábitos relativamente à dieta, prática de atividade física e corpo humano.
O estudo apurou que as crianças inseridas no programa tiveram um pontuação 5,5%, 7,7% e 4,9% maior no conhecimento, atitude e hábitos do que aquelas que não receberam qualquer intervenção após o primeiro, segundo e terceiro ano, respetivamente.
No geral as pontuações foram influenciadas pelo nível de escolaridade e capacidade financeira dos pais. Não houve diferença na pontuação quando foi tida em conta a idade dos pais, mas verificou-se um maior impacto na pontuação nas crianças cujos pais eram de origem europeia.
Foram também medidos o peso corporal, estatura, perímetro da cintura, dobras cutâneas e Índice de Massa Corporal (IMC). A prevalência de obesidade entre as crianças no final de três anos foi de 1,1% no grupo de intervenção, comparativamente com 1,3% no grupo de controlo. O total de crianças com excesso de peso foi de 7% no grupo de intervenção e 7,4% no grupo de controlo. As maiores mudanças positivas na gordura corporal foram observadas nas crianças com três anos de idade que tiveram três anos de intervenções. As intervenções com uma duração de menos de dois anos não foram bem-sucedidas na redução da gordura corporal.
"Até agora, os médicos têm-se centrado na doença cardiovascular, a qual se manifesta normalmente em fases posteriores da vida. Agora, temos de concentrar a nossa atenção na fase oposta da vida – precisamos de começar a promover a saúde nos primeiros anos, entre os três e os cinco anos de idade, para prevenir a doença cardiovascular", conclui uma das autoras do estudo, Valentin Fuster.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/intervencoes-precoces-promovem-habitos-saudaveis?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20151006)
Crianças portuguesas estão mais sedentárias 

Estudo "Independência de Mobilidade das Crianças"

 
Uma avaliação sobre a mobilidade infantil em 16 países concluiu que Portugal está na cauda da tabela, uma situação que tem consequências graves para o aproveitamento escolar e, sobretudo, para a saúde pública, alerta o coordenador do estudo português.
 
“Estamos numa situação caótica. As nossas crianças estão fechadas, amarradas, em casa, não têm liberdade de ação, não vão a pé para a escola, não brincam na rua. Estamos a viver uma situação insustentável, o que designo por sedentarismo infantil”, disse à agência Lusa o coordenador do estudo português, Carlos Neto, professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.
 
O estudo português, “Independência de Mobilidade das Crianças”, concluiu que há alterações necessárias de políticas públicas “mais ousadas”, pensadas para as crianças para inverter a atual situação: políticas que permitam aos mais novos brincar e desfrutar do espaço exterior, que permitam uma maior harmonização entre a vida familiar, escolar e em comunidade, e políticas urbanas que incluam uma planificação “mais amiga” das crianças e as encare como parte integrante e participante da sociedade.
 
“[…] não temos cidades preparadas para as crianças. Não há qualquer convite à atividade física. […] Temos as crianças muito sentadas e pouco ativas. Precisamos de uma verdadeira revolução na forma como podemos tornar as crianças mais ativas e com mais saúde, física e mental”, disse Carlos Neto.
 
Na opinião do coordenador deste estudo em Portugal as crianças têm cada vez menos liberdade para serem crianças e fazerem coisas necessárias ao seu crescimento como correr, nadar, dançar, subir às árvores. Afirma que se estão a criar crianças “imaturas e sedentárias” e que as consequências se vão pagar a médio e longo prazo.
 
“Não é só a obesidade, são também as doenças cardiovasculares, as relacionadas com o foro emocional e afetivo, e, acima de tudo, com uma socialização difícil para as crianças do nosso país poderem fazer. Temos que mudar a escola, o estilo de vida das famílias. […] Estamos convencidos que isto tem consequências no sucesso escolar e no grau de felicidade das crianças, porque vão ter dificuldades de adaptação na vida adulta”, disse.
 
O professor da Faculdade de Motricidade Humana recordou que “estudos demonstram que crianças mais ativas e com maior socialização no recreio aprendem mais dentro da sala de aula, têm mais sucesso escolar”.
 
Um dos aspetos estudados neste trabalho, o trajeto casa-escola, mostra que apenas 35% das crianças com 8 ou 9 anos vão a pé para a escola e que nesta faixa etária nenhuma vai de bicicleta. As que são levadas de carro são a grande maioria (56%).
 
Só por volta dos 12 anos a grande maioria das crianças portugueses inquiridas neste estudo (80%) teve permissão para ir sozinha para a escola ou atravessar sozinha estradas municipais. Só aos 15 anos a maioria tem autorização para andar sozinha de transportes públicos ou para circular de bicicleta sem supervisão em estradas principais.
 
O estudo apurou ainda que as diferenças entre litoral e interior são cada vez mais esbatidas e que ao nível do sedentarismo os comportamentos são os mesmos.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A.(http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/criancas-portuguesas-estao-mais-sedentarias?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20151006)