domingo, 27 de dezembro de 2015

Antidepressivos durante a gravidez aumentam risco de autismo
Estudo publicado no “JAMA Pediatrics”

 
A toma de antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, durante os dois últimos trimestres da gravidez está associada ao aumento do risco de perturbações do espectro autista, dá conta um estudo publicado no “JAMA Pediatrics”.
 
Os antidepressivos são amplamente utilizados durante a gravidez para tratar a depressão. As perturbações do espectro autista é uma síndrome do neurodesenvolvimento caracterizada por alterações na comunicação, linguagem, interação social e por padrões particulares de interesses e comportamentos. 
 
Neste estudo os investigadores da Universidade de Montreal, no Canadá, contaram com a participação de 145.456 crianças, 1.054 (0,72%) das quais foram diagnosticadas com autismo. A média de idades com que as crianças foram diagnosticadas com autismo foi de 4,6 anos e a média de idades das crianças no final do período de acompanhamento foi de 6,2. A proporção de rapazes e raparigas diagnosticadas com esta doença foi de quatro para um, respetivamente.
 
O estudo apurou que 4.724 crianças (3,2%) tinham sido expostas a antidepressivos no útero. No primeiro trimestre de gravidez foram expostas 4.200 crianças (88.9 %) a este tipo de fármacos e ao longo do segundo e terceiro trimestres foram expostas um total de 2.532 (53.6%) crianças. Verificou-se que 31 (1.2 %) das crianças deste último grupo foram diagnosticadas com perturbações do espectro autista. No grupo exposto a antidepressivos durante o primeiro trimestre de gravidez foram diagnosticadas 40 (1%) crianças com a doença.  
 
Os investigadores constataram que a toma de antidepressivos ao longo dos dois últimos trimestres da gravidez estava associada a um risco 87% maior de perturbações do espectro autista. Não foi observada qualquer associação entre a toma de antidepressivos no primeiro trimestre de gravidez ou no ano anterior à gravidez e o risco de desenvolvimento de perturbações do espectro autista.
 
Estes resultados indicam que o risco de perturbações do espectro autista fica aumentado com a toma de inibidores seletivos da recaptação da serotonina e com a utilização de mais de uma classe de antidepressivos ao longo dos dois últimos trimestres da gravidez. As crianças cujas mães tinham antecedentes de depressão, a toma de antidepressivos no segundo e terceiro trimestres foi associada a um maior risco de perturbações do espectro autista.
 
“É biologicamente plausível que os antidepressivos causem autismo, se forem utilizados no momento do desenvolvimento do cérebro no útero, uma vez que a serotonina está envolvida em vários processos de desenvolvimento pré- e pós-natal, incluindo na divisão celular, na migração dos neurónios, na diferenciação celular e na criação de ligações entre as células cerebrais", explicou, a líder do estudo, Anick Bérard.
 
“Algumas classes de antidepressivos funcionam através da inibição da serotonina o que irá ter um impacto negativo na capacidade do cérebro se desenvolver plenamente e adaptar-se no útero”, acrescentou a investigadora.
 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão será a segunda causa de morte em 2020, o que leva os investigadores a acreditar que os antidepressivos vão, muito provavelmente, continuar a ser prescritos, incluindo durante a gravidez. 
 
"O nosso trabalho contribui para uma melhor compreensão dos efeitos a longo prazo dos antidepressivos no desenvolvimento neurológico das crianças quando estes são utilizados durante a gestação. A descoberta das consequências destes fármacos é uma prioridade para a saúde pública, dada a sua utilização generalizada", concluiu, Anick Bérard.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A.  (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/antidepressivos-durante-a-gravidez-aumentam-risco-de-autismo?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20151221)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Densidade mamária não está associada ao risco de cancro da mama
Estudo do Centro Médico de Osijek


A densidade mamária pode não ser um forte fator de risco independente do cancro da mama, sugere um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade de Radiologia Norte-americana.
 
Estudos anteriores já tinham demonstrado que havia uma associação entre a densidade mamária e o cancro da mama. Adicionalmente, os cancros nos tecidos da mama mais densos são mais difíceis de detetar nas mamografias. Desta forma, muitas mulheres com mamas densas são aconselhadas a um rastreio suplementar, nomeadamente através da realização de uma ressonância magnética.
 
Para o estudo os investigadores do Centro Médico de Osijek, na Croácia, analisaram os dados de 52.962 mamografias realizadas, ao longo de mais de cinco anos e em locais distintos, a mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 69 anos.
 
Os investigadores tinham como objetivo perceber se as pacientes com cancro da mama tinham um tecido mamário mais denso relativamente às mulheres saudáveis. Adicionalmente, queriam também apurar qual a percentagem das mulheres que se encontrava na pós-menopausa tinha um tecido mamário denso.
 
Os resultados das mamografias foram analisados por dois radiologistas independentes e a densidade mamária foi determinada de acordo com os critérios standard. Foram comparados os dados das pacientes incluídas no grupo de densidade mamária baixa e alta.
 
O estudo apurou que a maioria das mulheres submetidas ao rastreio tinham uma baixa densidade mamária. Dos 230 casos de cancro da mama, quase cerca de metade foram detetados no grupo das mulheres com a menor densidade mamária, e pouco mais de 3% foi detetado nas mulheres com a densidade mamária mais elevada.
 
Quando os investigadores emparelharam as pacientes com cancro, com as mulheres da mesma idade e sem a doença constataram que não havia diferenças significativas na densidade mamária. As mulheres com densidade mamária baixa representavam 83% das pacientes com cancro, comparativamente com 89% do grupo de controlo. Por outro lado, uma densidade mamária elevada foi encontrada em 17% das pacientes com cancro da mama e em 11% das mulheres incluídas no grupo de controlo.
 
De acordo com Natasa Katavic, não foi encontrada uma associação forte entre densidades mamárias elevadas e um risco elevado de cancro da mama nas mulheres pós-menopáusicas.
 
“O nosso estudo sugere que a densidade mamária sozinha pode não ser um forte fator de risco independente do cancro da mama. Na avaliação de risco, todos os fatores de risco devem ser considerados antes de se tomarem decisões relativamente à realização de exames adicionais”, conclui a investigadora.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/densidade-mamaria-nao-esta-associada-ao-risco-de-cancro-da-mama?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20151207)