segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ISPUP associa consumo excessivo de proteína a obesidade nas crianças 

 
Um estudo de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) mostra que a ingestão excessiva de proteína na idade pré-escolar (4 anos) está associada a maior índice de massa corporal aos 7 anos de idade.
 
Nos rapazes, uma maior ingestão proteica associou-se ainda a maior adiposidade (gordura corporal) e a níveis superiores de insulina. Nestes, também a quantidade e qualidade dos hidratos de carbono (carga glicémica) se associou a maior adiposidade e parece interagir com a ingestão proteica, resultando num aumento do efeito sobre a gordura corporal.
 
O estudo foi desenvolvido no Grupo de Investigação em Epidemiologia da Nutrição e da Obesidade da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit – UID/DTP/04750/2013) do ISPUP no âmbito do projeto Geração XXI, contando com os seguintes autores: Catarina Durão, Andreia Oliveira, Ana Cristina Santos, Milton Severo, António Guerra, Henrique Barros e Carla Lopes (Coordenadora do Grupo de Investigação).
 
Os resultados sugerem que a idade pré-escolar pode consistir num período sensível adicional, para além dos dois primeiros anos de vida, onde o consumo excessivo de proteína, pode aumentar o risco de obesidade mais tarde na vida.
Os autores salientam ainda que, nos rapazes, uma alimentação com maior carga glicémica está associada a maior adiposidade. Naqueles com uma alimentação simultaneamente excessiva em proteína e em carga glicémica o efeito de aumento da massa gorda aparenta ser ainda maior. Nas raparigas, esta interação não foi encontrada sugerindo um efeito da alimentação na adiposidade mais dependente do total energético ingerido.
 
Tendo em conta que a idade pré-escolar é um período particularmente relevante para o estabelecimento de preferências e hábitos alimentares, Catarina Durão sublinha que “esta fase da vida pode ser uma oportunidade de excelência para intervir, já que a criança e a sua família podem estar mais abertas à mudança. Sugere-se, assim, que intervenções direcionadas a crianças em idade pré-escolar tenham particular atenção ao conteúdo proteico e carga glicémica da alimentação e não apenas ao valor energético (calorias). Por outras palavras, uma alimentação excessiva em fontes proteicas como lacticínios e carne também excessiva em produtos açucarados e cereais refinados deve ser evitada”, refere.
 
O estudo “Protein intake and dietary glycemic load of 4-year-olds and association with adiposity and serum insulin at 7 years of age: sex-nutrient and nutrient-nutrient interactions” foi publicado no “International Journal of Obesity” e pode ser consultado através do seguinte link.
 
Fonte - https://noticias.up.pt/criancas-que-ingerem-proteina-em-excesso-sofrem-maior-risco-de-obesidade/

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Obesidade parental associada a atrasos do desenvolvimento infantil
Estudo publicado na revista “Pediatrics”
 
As crianças cujos pais são obesos apresentam um maior risco de desenvolver atrasos no desenvolvimento, sugere um estudo publicado na revista “Pediatrics”.

Os investigadores do Instituto Nacional de Saúde da Criança e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver, nos EUA, constataram que as crianças de mães obesas eram mais propensas a falharem em testes de motricidade fina, a capacidade de controlar movimentos dos pequenos músculos como aqueles realizados com os dedos e mãos.

Adicionalmente foi constatado que as crianças de pais obesos eram mais propensas a desenvolverem problemas ao nível das competências socias. No caso de ambos os pais serem obesos, as crianças eram mais propensas a falhar em testes de avaliação da capacidade de resolução de problemas.

Para esta análise os investigadores recolheram dados do estudo “Upstate KIDS”, que foi originalmente concebido para determinar se os tratamentos de fertilidade poderiam afetar o desenvolvimento infantil. O estudo envolveu mais de cinco mil mulheres quatro meses após terem dado à luz, entre 2008 e 2010.

De forma a avaliar o desenvolvimento das crianças, os pais preencheram o questionário “Idades e Fases” após realizarem várias atividades com os filhos. Este questionário não é utilizado para diagnosticar deficiências específicas, mas serve para identificar potenciais problemas, permitindo que as crianças sejam encaminhadas para testes adicionais.

As crianças foram avaliadas aos quatro meses de idade e mais seis vezes até terem completado três anos. No início do estudo as mães forneceram informações sobre o peso antes e após a gravidez, bem como o peso dos seus companheiros.

O estudo apurou que, comparativamente com as crianças cujas mães tinham um peso saudável, aquelas com mães obesas tinham um risco 70% de falharem nos testes de motricidade fina. As crianças de pais obesos eram 75% mais propensas a falharem nos testes de avaliação das competências socias. Adicionalmente verificou-se que as crianças cujos ambos os pais eram obesos eram cerca de três vezes mais propensas de falharem em testes de avaliação de resolução de problemas.

Apesar de ainda não se saber ao certo por que motivo a obesidade parental aumenta o risco das crianças terem atrasos no desenvolvimento, alguns estudo realizados em animais têm sugerido que a obesidade durante a gravidez pode promover a inflamação e afetar consequentemente o cérebro do feto.

Por outro lado, alguns estudos têm indicado que a obesidade pode afetar a expressão de genes nos espermatozoides.

No caso de a associação entre a obesidade e o atraso no desenvolvimento ser confirmada, na opinião dos investigadores os médicos poderão ter de ter em conta o peso parental quando estão a rastrear as crianças para eventuais problemas de desenvolvimento.

Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/obesidade-parental-associada-a-atrasos-do-desenvolvimento-infantil?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20170109)
Vacina de nova geração contra o papilomavírus humano incluída no Programa Nacional de Vacinação
 
A vacina nonavalente contra o papilomavírus humano (HPV) comercializada pela MSD, incluída desde o início deste ano no Programa Nacional de Vacinação (PNV), para raparigas de 10 anos de idade, representa um avanço médico significativo para a Saúde pública em Portugal.
 
A vacina demonstrou uma eficácia de 97,4% na prevenção de lesões genitais de alto grau (CIN 2/3, AIS, VIN 2/3, VaIN 2/3) e respetivos cancros genitais associados aos 5 tipos de HPV adicionais (31, 33, 45, 52 e 58) versus a vacina quadrivalente até aqui utilizada (6, 11, 16 e 18). A vacina nonavalente demonstrou ainda uma eficácia de 92,9% na redução do risco de ASC‐US, ou alteração citológica de grau mais elevado e 90,2% na redução do risco de procedimentos de terapêutica excisionais do colo do útero – LEEP ou conização – causados pelos 5 tipos de HPV adicionais. A nova vacina confere também 90% de eficácia na prevenção das verrugas genitais (condiloma acuminado).
 
O HPV é responsável por 5% de todos os cancros, tanto em mulheres como em homens (região anogenital e cabeça/pescoço). Na Europa, ocorrem anualmente 80 mil novos casos de cancro atribuíveis ao HPV. Em Portugal, estima‐se que ocorram anualmente cerca de 1.700 casos de cancro do colo do útero, vulva, vagina e ânus atribuíveis ao HPV.
 
A implementação de programas de vacinação contra o HPV em todo o mundo, teve como impacto visível a redução da prevalência de infeção por HPV e do número de casos de lesões de alto grau do colo do útero e de condilomas genitais. Mais importante ainda, com base nos estudos de efetividade na vida real, espera-se que estes programas contribuam para uma redução drástica do número de casos de cancro associado ao HPV no futuro.
 
Em comunicado, a MSD afirmou: “A nossa já longa história de sucesso na investigação, produção e distribuição de vacinas é o alicerce sobre o qual queremos construir um futuro ainda mais saudável para pessoas de todas as idades em todo o mundo. A integração da área de Vacinas no portfólio da MSD fortalecerá a nossa posição como líder em vacinação e na prevenção de doenças infeciosas, contribuindo para a prevenção de doenças agora raras, como o sarampo e a papeira, e de doenças nunca antes encaradas como preveníveis, exemplo do Herpes Zoster e do cancro cervical.”
 

domingo, 8 de janeiro de 2017

Estudo revela que a doença reumática afeta a produtividade de cerca de 87% dos doentes

O estudo “Doenças Reumáticas: Produtividade, Empregabilidade e Saúde Social”, que tem como objetivo medir os prejuízos que as doenças reumáticas provocam no trabalho e nas atividades quotidianas, mostrou que 87% dos portadores de doença reumática têm, mesmo que ligeiramente, a sua produtividade afetada.

Promovido pela plataforma Portugalapto.pt, o estudo teve como objetivo avaliar a relação direta entre as doenças, o absentismo e as reformas antecipadas, bem como identificar medidas promotoras da melhoria das condições de rentabilidade laboral numa perspetiva de defesa do doente. Desta forma, permite que o doente reumático mantenha o seu trabalho, efetivando-o para que melhor se coadune com as suas limitações e capacidade individuais, motivadas em cada momento pela doença reumática.
O estudo, ainda em curso, conta com uma amostra de 358 pessoas com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados de uma consulta de Reumatologia geral.

Relativamente à atual situação laboral, entre os principais resultados destaca-se que 30% dos inquiridos tiveram pelo menos um dia de baixa devido à doença reumática no último ano. Destes, 5.6% estiveram de baixa entre 120 e 265 dias. Nos doentes ativos questionados, na última semana de trabalho, registou-se um absentismo laboral semanal de mais nove horas. Por outro lado, verificou-se também que quase 50% dos inquiridos trabalhou metade das horas que devia na última semana. Em termos de produtividade, 87% dos inquiridos revelou que a doença reumática afetou, mesmo que ligeiramente, a sua produtividade. De destacar ainda que, entre os doentes reformados, 50% afirma que foi a doença reumática levou à reforma antecipada. Foram ainda apurados os níveis de presenteísmo, percentagem de prejuízo do trabalho por doença (44.6%), de absentismo, percentagem de horas de trabalho perdidas por doença (11%) e de perca de produtividade no trabalho, percentagem de prejuízo global por doença (44.5%).

Decorreu no final de 2016 uma reunião de especialistas, investigadores e associações de doentes que teve como propósito apresentar os resultados do estudo “Doenças Reumáticas: Produtividade, Empregabilidade e Saúde Social”, bem como discutir o plano de iniciativas a implementar no sentido de alterar o paradigma do impacto que estas doenças têm na produtividade dos doentes.

“Para além da necessidade de compilar toda a informação existente sobre esta temática e criar um documento de integração destes dados, é também crucial mapear os estudos de intervenção já existentes com resultados nesta área que sejam relevantes para a proposta de intervenção e para a definição de impacto. Paralelamente, este projeto terá de ser apresentado à Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, aos Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e ao Conselho Económico e Social”, adianta Augusto Faustino, coordenador do PortugalApto.pt. “No entanto, uma das iniciativas mais importantes é a implementação de um projeto-piloto de intervenção num determinado município. Este piloto, que irá utilizar métricas essenciais de avaliação e expectativas de custos e benefícios para melhor avaliar o impacto das doenças reumáticas na produtividade dos doentes de determinado município e o contributo dos empregadores para essa melhoria de produtividade, vai envolver empresas privadas, públicas e municipais, numa lógica de responsabilidade social. Com os resultados desta avaliação iremos criar cenários de intervenção, ajustando-os ao programa do governo, e propor incentivos e vantagens legislativas que funcionarão como recompensa às entidades empregadoras”, conclui.

Fonte - http://www.newsfarma.pt/noticias/4760-estudo-revela-que-a-doen%C3%A7a-reum%C3%A1tica-afeta-a-produtividade-de-cerca-de-87-dos-doentes.html