segunda-feira, 28 de abril de 2014

Perturbação do espetro autista: novo método de identificação aos 9 meses
Estudo publicado na revista “Autism”

 
 
 

O perímetro cefálico e o reflexo da inclinação da cabeça podem ajudar na identificação de perturbações do espetro autista em crianças entre os nove e os dozes meses de idade, defende um estudo publicado na revista “Autism”.
 
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos EUA, é possível identificar perturbações do espetro autista aos dois anos de idade, contudo a maioria das crianças é apenas identificada aos quatro anos. Apesar de vários estudos já terem indicado que os pais destas crianças notam alguns problemas de desenvolvimento no primeiro ano de idade, ainda não existe uma ferramenta de rastreio capaz de identificar esta condição precocemente.
 
Apesar de o questionário M-CHAT ser a ferramenta de rastreio de referência, esta tem de ser lida e completada pelos pais e interpretada por um médico. De acordo com a líder do estudo, Carole A. Samango-Sprouse, “os médicos necessitam de uma ferramenta rápida e eficaz que possa ser aplicada a todas as crianças, independentemente dos seus antecedentes e que consiga identificar perturbações do espetro autista antes dos 12 meses”.
 
Neste estudo os investigadores da Universidade de George Washington, nos EUA, decidiram analisar se o perímetro cefálico e o reflexo da inclinação da cabeça poderiam ser utilizados como biomarcadores para perturbações do espetro autista. Cerca de 1.000 crianças foram sujeitas a este tipo de medições aos quatro, seis e nove meses de idade.
 
O estudo apurou que ao fim dos noves meses, as crianças com perímetro cefálico igual ou superior ao do percentil 75, com um perímetro cefálico 10% discrepante com a sua altura ou aqueles com resultados negativos no teste de reflexo da inclinação da cabeça foram considerados estar em risco de perturbação do espetro autista ou de terem um atraso no desenvolvimento da linguagem. Posteriormente estas crianças foram avaliadas por um especialista do neurodesenvolvimento e neurologista pediátrico.
 
Das 49 crianças que tinham apresentado resultados anormais, 15 foram identificadas com risco de perturbação do espetro autista e 34 com risco de atraso no desenvolvimento da linguagem. Das 15 crianças identificadas com risco de perturbação do espetro autista, entre os nove e os 12 meses de idade, o diagnóstico de 14 foi confirmado aos três anos de idade.
 
Os investigadores referem que vão continuar a analisar a eficácia destes dois potenciais biomarcadores, “pois tal como acontece com outros problemas de desenvolvimento, quando mais cedo forem identificadas as crianças em risco, mais cedo se pode intervir e fornecer o tratamento mais adequado”.

Fonte - Alert (http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/perturbacao-do-espetro-autista-novo-metodo-de-identificacao-aos-9-meses?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20140428)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Lactobacillus reuteri protectis é eficaz na prevenção de infeções respiratórias e gastrointestinais

(7.4.2014) 

 A revista Pediatrics publicou um estudo que mostra que é possível prevenir infeções respiratórias e gastrointestinais em crianças, através da administração preventiva diária do probiótico Lactobacillus reuteri protectis.



O estudo, que envolveu 336 crianças, entre os 6 meses e os 3 anos de idade, demonstrou que as crianças saudáveis que frequentam creches têm um risco significativamente menor de contrair infeções do trato respiratório ou diarreia, quando lhes é dado um suplemento diário de Lactobacillus reuteri protectis, de forma preventiva.

Durante três meses, o grupo de crianças que recebeu Lactobacillus reuteri protectis teve menos 67% de dias com diarreia ou infeções do trato respiratório, do que o grupo placebo. Quando infetados, os episódios de doença foram mais curtos do que no grupo placebo (menos um dia em casos de diarreia e menos três dias em casos de infeção do trato respiratório).

Durante a pesquisa, registaram-se 69 episódios de diarreia no grupo placebo e 42 no grupo com probiótico. O grupo placebo teve 204 infeções do trato respiratório contra 93 no grupo que tomou L. Reuteri. Além disso, as crianças que tomaram o probiótico tiveram menos dias com febre, tomaram menos antibióticos e faltaram menos à creche. Esta diferença significativa entre os grupos continuou até três meses depois da administração.

As infeções respiratórias e do trato gastrointestinal em crianças têm custos elevados para os pais e para a sociedade, associados à visita recorrente a médicos, urgências, compra de medicação e faltas à creche e ao trabalho. Assim, ao reduzir o número e a duração de episódios de doença, os pesquisadores concluíram que a administração diária de Lactobacillus reuteri protectis permitiu aos pais e à comunidade uma redução significativa de custos.

"Estas conclusões vêem ao encontro de estudos anteriores que comprovem que o uso preventivo diário de Lactobacillus reuteri protectis pode ser valioso para as famílias e para a sociedade", referiu em comunicado Gutiérrez-Castrellón, chefe da Unidade de Investigação Translacional em Nutrição Pediátrica do Hospital Geral Dr. Manuel Gea González e professor universitário de Saúde Pública da Faculdade de Medicina ULSA no México.

Fonte News Farma - http://www.newsfarma.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1536:lactobacillus-reuteri-protectis-%C3%A9-eficaz-na-preven%C3%A7%C3%A3o-de-infe%C3%A7%C3%B5es-respirat%C3%B3rias-e-gastrointestinais&catid=10:noticias&Itemid=113

Desenvolvido músculo capaz de se regenerar
Estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”


Investigadores americanos desenvolveram músculo esquelético que se assemelha muito a um músculo real, uma vez que se contrai com força, rapidez e integra-se rapidamente no organismo. O estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences” revela ainda que este músculo tem a capacidade de se regenerar, tanto em meio laboratorial como no interior do animal.
 
“O músculo desenvolvido representa um grande avanço, uma vez que é a primeira vez que se desenvolve um músculo com a força de um músculo esquelético nativo”, revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Nenad Bursac.
 
Após vários anos, os investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, descobriram que para desenvolver músculos semelhantes aos nativos era necessário desenvolver fibras musculares contráteis e uma população de células estaminais conhecidas como células satélite.
 
Todos os músculos têm células satélite de reserva, prontas para ficarem ativadas após uma lesão e iniciarem o processo de regeneração. A chave do sucesso deste estudo passou pela criação de microambientes, denominados por nichos, onde estas células estavam prontas para ser ativadas.
 
“O músculo que desenvolvemos contem nichos para as células satélite se desenvolverem e, quando necessário, restaurarem a musculatura, bem como a sua função”, explicou o investigador.
 
Após terem estimulado os músculos com impulsos elétricos e medirem a sua força contrátil, os investigadores constataram que este era 10 vezes mais forte que qualquer músculo desenvolvido até à data. Através da indução de danos, os autores do estudo provaram também que as células satélites eram ativadas, multiplicavam-se e curavam com êxito as fibras celulares danificadas.
 
Posteriormente, os investigadores inseriram nos músculos criados laboratorialmente uma pequena câmara e colocaram-nos em ratinhos. Ao longo de duas semanas foi observado o progresso dos músculos implantados.
 
Após terem modificado geneticamente as fibras musculares com uma molécula fluorescente, os investigadores foram capazes de observar e medir em tempo real como os vasos sanguíneos cresciam nas fibras musculares implantadas.
 
“Será capaz de vascularizar, inervar e reparar a função muscular danificada. É nisso que vamos trabalhar nos próximos anos”, conclui Nenad Bursac.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/desenvolvido-musculo-capaz-de-se-regenerar?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20140407)
Cancro e doenças cardiovasculares causam mais de metade das mortes em Portugal
 
Aliás, na década estudada, as doenças respiratórias apresentaram um crescimento continuado no total de óbitos: 8,6% entre 2002 e 2004 e 11% entre 2005 e 2010.
 

Mais de metade das mortes em Portugal são causadas por cancros e por doenças cardiovasculares, com os tumores malignos a registarem um aumento nos últimos anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O boletim do INE sobre saúde, divulgado a propósito do Dia Mundial da Saúde, que hoje se assinala, mostra que, entre 2002 e 2012, os casos de cancro aumentaram e ultrapassaram os 23% no total das causas de morte.

Só em 2012, morreram uma média de 70 pessoas por dia em Portugal por tumores malignos e, em 10 anos, a taxa bruta de mortalidade aumentou 14,1%.

Já as doenças do aparelho circulatório representaram no último ano analisado mais de 30% do total dos óbitos no país. Ainda assim, a taxa bruta de mortalidade destas doenças diminuiu 21%.

Com peso relevante no total de mortes surgem também as doenças respiratórias e a diabetes., representando, respetivamente, 13% e 4,5% dos óbitos totais.

Nestes dois tipos de doenças, Portugal regista uma “situação mais grave do que a observada ao nível da União Europeia a 28”.

Aliás, na década estudada, as doenças respiratórias apresentaram um crescimento continuado no total de óbitos: 8,6% entre 2002 e 2004 e 11% entre 2005 e 2010.

Comparativamente, ao nível europeu verificou-se uma estabilização da proporção destas mortes entre 2002-2010, numa variação entre 7,5% das mortes e os 8%.

O mesmo boletim do INE mostra que o atendimento em serviço de urgência quase duplicou numa década nos hospitais privados, que registaram também um reforço do número de camas de internamento, ao contrário dos hospitais públicos que perderam três mil camas. 

Fonte - Jornal i 07.04.2014 (http://www.ionline.pt/artigos/portugal/cancro-doencas-cardiovasculares-causam-mais-metade-das-mortes-portugal)

terça-feira, 1 de abril de 2014

Todos os anos nascem em Portugal pelo menos mil bebés prematuros com menos de 1500 gramas

Programa criado pela associação XXS pretende criar acções de formação para pais de bebés que nascem antes do fim da gravidez.
 
 
Em cada 100 bebés que nascem em Portugal oito nascem prematuros, ou seja, antes das 37 semanas de gestação, mas dentro destes existe um grupo de crianças com um maior risco de morte e de sequelas: são os recém-nascidos de muito baixo peso. Todos os anos nascem cerca de 1000 crianças com peso inferior a 1500 gramas, afirmou Rosalina Barroso, presidente da secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Os dados foram apresentados esta terça-feira na sessão de apresentação do projecto CARE (Cuidados de Apoio a Recém-nascidos em Risco), criado para dar apoio a crianças prematuras e aos seus pais.

Nascem cada vez mais bebés antes do fim da gravidez. As razões são várias, mas uma delas é o facto de a idade das mães ser cada vez mais tardia, referiu a directora da unidade de neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa, Teresa Tomé, lembrando que em Portugal a média da primeira gravidez está já nos 31,5 anos, sendo cada vez mais as mulheres que têm bebés acima dos 35 anos, idade a partir da qual aumenta o risco da prematuridade.

Fernando Leal da Costa, o secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, admitiu que “há condições de carácter social” que podem estar a fazer com que as pessoas adiem cada vez mais a idade de ter filhos, notando “que não há estímulos suficientes para poder ter filhos mais cedo”. Há também comportamentos de risco, como o facto de a mãe ser fumadora, ou ter excesso de peso, sofrer de stress, que aumentam o risco de parto prematuro.
É assim que 8% a 10% dos bebés que nascem em Portugal são prematuros, disse o governante. E um terço da mortalidade infantil em Portugal acontece nestes bebés.

Os recém-nascidos com idade gestacional inferior a 32 semanas e com menos de 1500 gramas são os que apresentam maior risco de morte, são também os que têm maior risco de distúrbios do desenvolvimento, como atrasos cognitivos, perturbações da linguagem, paralisia cerebral, dificuldades de coordenação e equilíbrio, défices visuais e auditivos.

O Registo Nacional do Recém-Nascido de Muito Baixo Peso, no qual os profissionais assinalam as crianças que passaram pelas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais, contabilizou 16.993 crianças nestas condições nascidas entre 1996 e 2012, o que dá uma média de cerca de mil por ano, disse Rosalina Barroso. O limite da viabilidade está definido  nas 25 semanas e 600 gramas de peso.
A XXS-Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro nasceu em 2008 precisamente para dar apoio a estas famílias e foi nesta associação de pais que nasceu o projecto lançado esta terça-feira. O CARE receberá verbas do Ministério do Trabalho e da Solidariedade, e apoio do Ministério da Saúde. Os pormenores práticos sobre o projecto ainda são poucos mas o que se pretende é criar formações específicas para pessoal de saúde na prestação de cuidados a bebés prematuros. Outro dos grandes enfoques do projecto é aumentar os conhecimentos sobre os pais que têm estes filhos. As dificuldades são várias.
Tudo começa no hospital. Estes são bebés que, em muitos casos, passarão os seus primeiros dois a três meses de vida internados numa unidade de cuidados intensivos de neonatologia, explica Teresa Tomé. Contrariamente aos bebés de termo, os prematuros não sabem mamar – essa é uma capacidade que só adquirem às 34 semanas –, mas deve-lhes ser dado leite materno através de sondas. Ou seja, tem que haver um enorme esforço das mães para estimular a produção de leite, armazenar, trazer o leite para o hospital para ser dado ao bebé, refere a médica.
Nos seminários de formação para pais está previsto serem abordadas questões como as vantagens do “método canguru” em que é estimulado, desde muito cedo, o contacto pele a pele entre a mãe e o bebé, uma forma de manterem o calor como complemento à incubadora, refere a médica, isto se o bebé estiver estável. Outra das vertentes será a formação no apoio na ida para casa depois da alta.

Fonte - Público (19.03.2014) - http://www.publico.pt/sociedade/noticia/todos-os-anos-nascem-em-portugal-pelo-menosmil-bebes-com-menos-1500-gramas-1628922


Vitamina A durante a gravidez é essencial para um sistema imunitário saudável nos filhos

Equipa de cientistas liderada por portugueses descobriu que a ausência total de vitamina A impede a formação normal dos gânglios linfáticos, peças importantes do sistema imunitário. Artigo é publicado na revista Nature.
 
 
Uma equipa internacional liderada por cientistas portugueses descobriu que a ausência de vitamina A durante o desenvolvimento embrionário – neste caso nos ratinhos da experiência – impede a formação normal dos gânglios linfáticos, peças-chave do sistema imunitário. A carência de vitamina A na gravidez põe assim em causa a resposta imunitária. A descoberta, publicada hoje na revista Nature, demonstra como esta vitamina é essencial na alimentação das mulheres, principalmente nos países em desenvolvimento.
 
Pode-se ir buscar a vitamina A a muitos alimentos: cenouras, espinafres ou a batatas-doces. Esta vitamina é necessária para a formação de pigmentos visuais, regulação das células do sistema imunitário nos intestinos ou para o desenvolvimento do próprio embrião.

Agora, uma equipa internacional, com cientistas da Holanda e dos Estados Unidos, coordenada por Henrique Veiga Fernandes, líder de um grupo no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, observou que a vitamina A permitia a maturação das células que, durante o desenvolvimento embrionário dos ratinhos, vão formar os gânglios linfáticos e as placas de Peyer – estruturas do sistema linfático situadas nos intestinos, onde têm uma função imunitária importante.

Os gânglios linfáticos têm entre um a dois centímetros e estão distribuídos em locais como as virilhas, as axilas ou na região da garganta. Dentro dos gânglios alojam-se os linfócitos, especializados no combate de bactérias ou vírus. Outras células do sistema imunitário têm a função de levar até aos gânglios pedaços dos organismos patogénicos que infectam o corpo: uma vez aí, mostram estes pedaços ao maior número possível de linfócitos, até encontrarem o linfócito que naturalmente é mais adequado para combater aquele organismo.

Quando isso acontece, inicia-se uma resposta imunitária, que pode desencadear o inchaço do gânglio. Se os linfócitos estivessem espalhados pelo corpo, aquela célula imunitária que leva o pedaço do agente patogénico teria muita dificuldade em encontrar o linfócito especializado.

Abelhas operárias
Os gânglios formam-se durante o desenvolvimento embrionário, graças a um tipo de células do sistema imunitário – as células indutoras do tecido linfático. Saindo do fígado do feto, estas células viajam pelo sangue até que, em determinados locais do corpo, saltam dos vasos para formar os gânglios linfáticos.

“Estas células funcionam como abelhas operárias”, explica Henrique Veiga Fernandes ao PÚBLICO. “Quando saem do sangue, formam pequenos agregadores de células e estão sempre em movimento.”

Nesses locais, as células indutoras do tecido linfático sofrem um passo final de maturação. Depois, provocam alterações nas células do tecido conjuntivo e são estas que vão formar “os andaimes” dos gânglios linfáticos. Quando esses “andaimes” ficam construídos, os linfócitos vão habitá-los.

A equipa de Henrique Veiga Fernandes tentou descobrir o que desencadeava a maturação final das células indutoras do tecido linfático. Com testes, primeiro in vitro e depois in vivo, os cientistas chegaram à conclusão de que era necessária a presença de ácido retinóico (um composto que o corpo produz a partir da vitamina A). “A metabolização da vitamina A faz com que as células se diferenciem. Este foi o nosso ponto de partida”, diz o cientista.

Depois, quiseram encontrar o mecanismo celular que originava esta transição. Já se sabia que nas células indutoras do tecido linfático existem moléculas capazes de receber o ácido retinóico. Agora, a equipa descobriu que esse receptor é responsável por activar um gene no núcleo dessas células e esse gene activa, por sua vez, muitos outros genes que desencadeiam a maturação destas células. A partir daí estão prontas para pôr as células do tecido conjuntivo em acção.

Fonte - Publico (19.03.2014) http://www.publico.pt/ciencia/noticia/vitamina-a-durante-a-gravidez-e-essencial-para-um-sistema-imunitario-saudavel-nos-filhos-1628953#/0