segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nova vacina activa sistema imune e ajuda na prevenção da inflamação crónica

Estudo publicado “Journal of Clinical Investigation”


Nova vacina é capaz de activar o sistema imune e ajudar na prevenção das doenças crónicas inflamatórias, sugere um estudo publicado no “Journal of Clinical Investigation”.

Muitas doenças inflamatórias e auto-imunes são crónicas e afectam a grande maioria das pessoas. Além disso, existe um componente inflamatório comum a várias doenças, tais como Alzheimer, Parkinson, artrite reumatóide, asma, esclerose múltipla, diabetes tipo II e cancro.

Neste estudo, os investigadores da Universidade de Copenhaga, Dinamarca, descobriram que uma proteína normalmente encontrada no corpo humano pode prevenir o desenvolvimento da inflamação crónica dos tecidos. Quando administrada sob a forma de uma vacina terapêutica é capaz de, eficazmente, impedir e tratar um número diferente de doenças inflamatórias, como esclerose múltipla, artrite reumatóide, hipersensibilidade e asma.

Os cientistas liderados por Shohreh Issazadeh-Navikas, investigador principal da unidade de Neuroinflamação do Biotech Research and Innovation Centre (BRIC), descobriram que a vacina é capaz de activar determinadas células do sistema imune, conhecidas por células NKT. Estas células são um tipo de linfócitos T que exercem diversos efeitos reguladores nas doenças, desde a auto-imunidade à resposta a patogénios e cancro.

Segundo os autores do estudo, esta descoberta inovadora oferece uma nova perspectiva na forma como o organismo combate a inflamação e a auto-imunidade. Shohreh Issazadeh-Navikas acrescenta ainda “que os resultados estabelecem uma abordagem terapêutica para o uso de uma proteína, recentemente descoberta, no tratamento de múltiplas condições”.

ALERT Life Sciences Computing, S.A.

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ajuda-na-prevencao-da-inflamacao-cronica?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=
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Naftalina em locais fechados pode causar cancro

Estudo da Organização Mundial de Saúde


A presença de naftalina em locais fechados pode ter efeitos nefastos para a saúde, podendo mesmo causar cancro, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para a realização de um documento sobre a qualidade do ar em espaços fechados, ao qual a agência Lusa teve acesso, a OMS pediu a 60 investigadores internacionais de várias áreas, para estudaram nove poluentes que indiciam níveis máximos de exposição em casas, escritórios ou outros espaços fechados.

O estudo revelou que, dos poluentes estudados, a naftalina, que é usada por decisão consciente pelos utilizadores dos espaços fechados, foi classificada como "possivelmente cancerígena" para humanos, dadas as conclusões de testes em ratinhos de laboratório.

Contudo, segundo o documento, "as principais preocupações para a saúde perante a exposição à naftalina são lesões respiratórias, incluindo cancro nas vias respiratórias, como foi demonstrado nos estudos em animais, e anemia. Com concentrações de naftalina superiores à lesão mais baixa, várias inflamações e tumores foram reportados", explica o estudo.

Assim, a OMS recomenda que "a forma mais eficiente de prevenir altas exposições a este poluente será abandonar ou banir o uso de bolas de naftalina". Alertando também para o facto de as bolas de naftalina serem sobretudo perigosas para crianças, que muitas vezes as ingerem.

ALERT Life Sciences Computing, S.A.

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causar-cancro?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP
_20101227)

Fármaco para a osteoporose reduz tamanho da massa tumoral no cancro oral

Estudo publicado no “Cancer Research”


Um fármaco aprovado e utilizado no tratamento da osteoporose mostrou-se eficaz na redução da perda óssea e do tamanho da massa tumoral do cancro oral, dá conta um estudo publicado no “Cancer Research”.

De acordo com os investigadores da Ohio State University, EUA, este tratamento poderia ser utilizado como terapia complementar em pacientes com cancro da cabeça e do pescoço que causam erosão óssea.

O carcinoma de células escamosas da cavidade oral compreende cerca de 90% dos casos de tumores na boca. Dado que a boca é um espaço limitado, quando os tumores se desenvolvem na gengiva provocam perda óssea no maxilar. Por sua vez, a erosão óssea estimula o desenvolvimento do cancro. Os cientistas chamam a este fenómeno, que decorre em parte pela libertação de compostos que estimulam o desenvolvimento do cancro do osso, um ciclo vicioso que se apresenta neste e noutros tipos de cancro.

Assim, o objectivo deste estudo foi encontrar um meio de interromper este ciclo. Os investigadores utilizaram ratinhos, como modelo de estudo, que foram divididos em quatro grupos distintos: dois grupos sofriam de carcinoma de células escamosas da cavidade oral ao contrário dos outros dois. O tratamento com ácido zolendrónico, desenvolvido para inibir a reabsorção óssea, foi administrado nos dois grupos. Paralelamente foi também administrado um placebo aos restantes grupos de ratinhos quer apresentassem ou não o tumor.

O estudo revelou que os ratinhos tratados com o fármaco perderam duas vezes menos osso que os ratinhos não tratados. Esta retenção óssea, segundo os autores do estudo, pode ser em parte atribuída à capacidade do ácido zolendrónico reduzir o número de osteoclastos activados, células responsáveis pela reabsorção óssea. Foi também observado que após 28 dias da administração do fármaco, que os tumores tratados eram, em média, 14% mais pequenos que os tumores não tratados.

Os autores do estudo liderados por Thomas Rosol concluem que, embora o fármaco se tenha mostrado eficaz, são ainda necessários outros testes com animais e seres humanos para determinar a dose adequada bem como a sua segurança e eficácia.

ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Risco de enfarte agudo do miocárdio aumentado após diagnóstico de artrite reumatóide

Estudo publicado no “Journal of Internal Medicine”



O risco de sofrer um enfarte agudo do miocárdio aumenta rapidamente após o diagnóstico prévio de artrite reumatóide, sugere um estudo publicado no “Journal of Internal Medicine”.

Para o estudo, os investigadores do Karolinska Institute, em Estocolmo, Suécia, acompanharam 7.469 pacientes diagnosticados com artrite reumatóide, entre 1995 e 2006, conjuntamente com 37.024 indivíduos saudáveis. O tempo máximo de acompanhamento foi de 12 anos e a média foi de quatro anos.

A artrite reumatóide, uma doença auto-imune, é caracterizada por inflamação das articulações que conduz à destruição progressiva e incapacidade funcional.

O estudo revelou que o risco de sofrer um enfarte agudo do miocárdio aumentava 60%, um a quatro anos após o diagnóstico de artrite reumatóide, permanecendo este risco constante entre os cinco e os 12 anos seguintes. Foi também verificado que este risco estava presente tanto nos pacientes com factor reumatóide positivo, um marcador imunológico encontrado em algumas situações crónicas ou agudas, como nos que tinham factor de risco negativo.

Os investigadores também constataram que o risco de ter qualquer doença isquémica do coração estava aumentado em 50%, entre um a quatro anos após o diagnóstico da doença auto-imune, permanecendo também inalterado nos cinco a 12 anos seguintes.

Em comunicado enviado à imprensa, a líder do estudo Marie Holmqvist, revela que este estudo“ chama à atenção para a importância de os médicos monitorizarem os pacientes com um diagnóstico de artrite reumatóide, dado existir um risco aumentado de terem problemas cardíacos, particularmente enfartes agudos do miocárdio. A investigadora acrescenta ainda que “também é muito clara a necessidade de prosseguir com mais estudos de forma a determinar os mecanismos que associam estas duas doenças.”

ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/risco-de-enfarte-agudo-do-miocardio
-aumentado-apos-diagnostico-de-artrite-reumato?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_
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Desenvolvido novo método para detecção precoce da doença inflamatória intestinal

Estudo publicado na revista “Gut”


Investigadores da University of East Anglia, no Reino Unido, desenvolveram um novo método endoscópico para ajudar no diagnóstico precoce da doença inflamatória intestinal (DII). A apresentação da inovação vem publicada na revista “Gut”.

O novo método, denominado Confocal Laser Endomicroscope (endomicroscopia confocal a laser), contém um poderoso microscópio que permite aos médicos verem as bactérias que se pensa estarem implicadas nas DII, como a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Segundo explicam os cientistas, em comunicado de imprensa, a nova técnica de endomicroscopia um marcador fluorescente para poder detectar bactérias dentro da mucosa intestinal.

“As bactérias entéricas (dentro da parede do intestino) têm um papel importante no desenvolvimento da DII e agora temos uma nova e poderosa ferramenta para a visualização destas bactérias durante a colonoscopia de rotina", disse o líder da investigação, Alastair Watson, que conduziu o trabalho em parceria com cientistas da França e da Alemanha, acrescentando que “esta nova técnica vai permitir a rápida identificação de pacientes em risco ou numa fase inicial deste grupo comum, mas preocupante, de doenças”.

O actual método de realização de biopsias impede a observação da localização exacta da bactéria, bem como da forma como ela interage com a membrana mucosa. Esta nova técnica, que usa uma tinta fluorescente para destacar as bactérias, permite que o processo exacto seja visto a um nível sub-celular durante a colonoscopia de rotina.

Financiado pela Wellcome Trust, o estudo também constatou que dos 163 pacientes estudados, aqueles que tinham doença de Crohn ou colite ulcerosa eram muito mais propensos a apresentar as bactérias dentro da parede do intestino do que as pessoas saudáveis do grupo analisado.

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deteccao-precoce-da-doenca-inflamatoria-intestinal?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_
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Prescrição informatizada de fármacos obrigatória a partir de Março

Informação veiculada pelo INFARMED


A prescrição informatizada de fármacos vai ser obrigatória a partir de Março, segundo anunciou o presidente do INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde - Jorge Torgal.

“O médico vai ter à sua frente os cinco produtos mais baratos do mercado, o que traz um benefício económico claro. É um apoio à prescrição que, pensamos, poderá conduzir a uma prescrição mais racional e ajudar ao controlo da má utilização dos medicamentos”, disse Jorge Torgal, citado pela agência Lusa.

Segundo adiantou o mesmo responsável, o INFARMED está a desenvolver e a promover um conjunto de orientações terapêuticas com a participação das ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos, de modo a seja possível “um uso mais racional, melhor economia e mais eficiência”.

ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/prescricao-informatizada-de-farmacos
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Doentes renais beneficiam de terapêutica com estatina

Estudo apresentado no “American Society of Nephrology”

Cerca de um quarto dos enfartes agudos do miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e das intervenções para desobstrução das artérias poderá ser evitado em pessoas que sofrem de doença renal crónica, através da toma conjugada de ezetimiba e sinvastatina, dá nota um estudo apresentado no “American Society of Nephrology”.

Investigações anteriores já tinham constatado que as estatinas, fármacos destinados a baixar os níveis do mau colesterol (LDL), reduziam o risco de enfarte agudo do miocárdio em pessoas com um normal funcionamento do sistema renal. Contudo, segundo explicou, em comunicado de imprensa, o principal líder deste estudo, Colin Baigent, “acreditava-se que o aumento dos níveis de colesterol não era uma causa importante para as doenças cardíacas ou enfartes em pessoas com doença renal crónica, pelo que a redução do colesterol não lhes traria benefícios.”

A contrariar essa ideia, o estudo SHARP (Study of Heart and Renal Protection), traz agora as primeiras provas concretas de que a redução do colesterol é também eficaz nos doentes renais e que os benefícios são substanciais.

O estudo envolveu quase 9.500 voluntários com 40 anos ou mais e que sofriam de doença renal crónica, recrutados em 380 hospitais de 18 países. Estes doentes em estudo tinham perdido cerca de 50% do normal funcionamento renal e um terço destes realizava tratamentos de diálise. Nenhum tinha sofrido enfarte agudo do miocárdio, AVC, nem tinha sido submetido a bypass ou de ‘stents’ para desobstruir as artérias do coração.

Para este estudo duplo-cego controlado com placebo foram seleccionados voluntários, de modo aleatório, os quais tomaram diariamente um comprimido composto por 10 mg de ezetimiba e 20 mg de sinvastatina para redução do colesterol ou um comprimido placebo. O tratamento e acompanhamento tiveram uma duração média de cinco anos.

A grande conclusão do estudo foi a de ter sido constatado que a longo prazo, a combinação de ezetimiba e sinvastatina reduzia o risco de enfarte agudo do miocárdio, AVC e da necessidade de intervenções para a desobstrução das artérias em cerca de um quarto das pessoas com doença renal crónica, independentemente da gravidade da doença. O estudo também constatou não terem sido observados quaisquer efeitos adversos graves nem, em particular, as anteriores reservas quanto à acção da ezetimiba sobre possíveis efeitos carcinogénicos.

(Fonte: http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/doentes-renais-beneficiam-de-
terapeutica-com-estatina?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sumário do Inquérito Nacional de Controlo da Asma



A Asma é uma doença crónica frequente nos países ocidentais, com elevado consumo de recursos de saúde e diminuição da qualidade de vida.

Considerando que em Portugal não existiam dados sobre o controlo da Asma, a Direcção-Geral da Saúde promoveu, no âmbito do Programa Nacional de Controlo da Asma, a realização de um Inquérito sobre o “Diagnóstico Basal do Controlo da Asma na População do Continente Português”, enquanto contributo fundamental para a avaliação de necessidades e definição de prioridades nesta área.

Concluído que está este Inquérito, apresentam-se os métodos utilizados, os seus resultados principais sob a forma de tabelas ou gráficos, e as conclusões de acordo com os objectivos definidos.


(Fonte: http://www.dgs.pt/)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Cuidados de Saúde Programados

O Regulamento (CE) n.º 883/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, relativo à coordenação dos sistemas de segurança social, com a redacção dada pelo Regulamento (CE) n.º 987/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Setembro de 2009, que estabelece as modalidades de aplicação do Regulamento (CE) nº 883/2004, visam contribuir, através de uma modernização e simplificação das respectivas normas e procedimentos, para uma maior protecção dos direitos dos cidadãos facilitando o seu exercício e o intercâmbio de informação entre instituições de modo a garantir-lhes uma protecção mais eficaz e completa, nomeadamente no âmbito da protecção na doença.

Nos termos do artigo 20º do Regulamento nº 883/2004 e do artigo 26º do Regulamento nº 987/2009, uma pessoa segurada que viaje, por sua iniciativa, para outro Estado-membro com o objectivo de receber cuidados de saúde programados, deve solicitar autorização prévia à autoridade de saúde competente, para que o sistema de saúde do Estado de residência assuma os custos relativos aos cuidados de saúde prestados no Estado-membro de tratamento. Determina a mesma disposição legal, que a autorização deve ser concedida sempre que o tratamento em causa conste das prestações previstas pela legislação do Estado-membro em cujo território reside o doente e o tratamento não puder, atendendo ao estado actual de saúde e à evolução provável da sua doença, ser-lhe prestado nesse Estado-membro dentro de um prazo clinicamente seguro.

Nestes casos, deve solicitar a emissão do Documento Portátil S 2 ou do Formulário E112.

O Documento Portátil S2, corresponde ao anterior Formulário E112, que passou, a partir de 01 de Maio de 2010, a atestar o direito a cuidados de saúde programados no espaço da União Europeia. O Formulário E112 mantém‐se em vigor para as situações em que o utente do SNS pretende receber cuidados de saúde programados num dos Estados‐Membros do Espaço Económico Europeu e Suiça.

Deve ser solicitado pelos beneficiários titulares e familiares que necessitem de receber cuidados de saúde noutro país do Espaço Económico Europeu (EEE) ou na Suíça, por comprovada impossibilidade de os mesmos lhe serem prestados no sistema de saúde do Estado-membro de inscrição do beneficiário, quer por falta de meios técnicos, quer por falta de oportunidade.


Mais informações em http://portal.arsnorte.min-saude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Conte%C3%BAdos/Documentos/Cuidados%20de%20Sa%C3%BAde%20Programados%20noutro%20Estado-membro%20da%20Uni%C3%A3

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Células do cordão umbilical podem tratar artrite reumatóide

Estudo publicado na revista “Arthritis Research and Therapy”

As células estaminais do cordão umbilical podem ser úteis no tratamento da artrite reumatóide, de acordo com uma investigação da Universidade de Pequim, China, publicada na revista “Arthritis Research and Therapy”.

Experiências com animais e in vitro têm demonstrado que as células estaminais mesenquimais extraídas do sangue do cordão umbilical podem eliminar a inflamação e atenuar a artrite induzida por colágenio.

Em comunicado de imprensa, o líder da investigação, Li Zhan-guo, explicou que, actualmente, muito pouco se sabe sobre as células estaminais mesenquimais do cordão umbilical, dado que, até ao momento, nenhum estudo avaliou a sua utilização no tratamento da artrite. “As células estaminais mesenquimais podem exercer imunossupressão profunda, que incentiva a sua utilização no tratamento de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide. Actualmente, a fonte mais comum de células estaminais mesenquimais é a medula óssea. Contudo, a aspiração da medula óssea é um procedimento invasivo e o número e o potencial de diferenciação das células estaminais mesenquimais da medula óssea também diminui com a idade. Em contrapartida, a recolha destas células no cordão umbilical não exige qualquer procedimento invasivo ".

Os investigadores retiraram células do sistema imunológico de pacientes com artrite e mostraram que as células estaminais mesenquimais do cordão umbilical foram capazes de anular a proliferação das células, o comportamento invasivo e respostas inflamatórias.

Do mesmo modo, a infusão sistemática de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical em ratinhos foi capaz de reduzir significativamente a gravidade da artrite induzida por colágenio. Em conclusão, o líder da investigação sublinhou os factos de a artrite reumatóide ser um peso enorme para os serviços de saúde em todo o mundo e o controlo da condição não pode ser feito sem medicação a longo prazo. “Por isso, uma nova terapia e mais eficaz para a artrite será muito bem-vinda".
Antibióticos têm impacto a longo prazo na flora intestinal

Estudo publicado na revista “Microbiology”

A toma de antibióticos, mesmo de curta duração, pode fazer com que as bactérias que colonizam o intestino adquiram genes de resistência aos antibióticos durante um período de até dois anos após o tratamento, dá nota um estudo publicado na revista “Microbiology”.

Os antibióticos que são prescritos para tratar bactérias patogénicas também têm um impacto sobre a flora microbiana normal do intestino humano. Estes medicamentos podem alterar a composição das populações microbianas (potencialmente levando a outras doenças) e permitir que os microrganismos, que são naturalmente resistentes ao antibiótico, possam crescer.

Até há pouco tempo pensava-se que o impacto dos antibióticos na flora intestinal fosse apenas a curto prazo. No entanto, uma revisão de estudos sobre os impactos de longo prazo da terapia antibiótica revela que nem sempre é esse o caso. Estudos têm mostrado que genes de resistência podem ser detectados em microrganismos presentes no intestino depois de apenas sete dias de tratamento e que a estes genes se mantém até dois anos, mesmo que o indivíduo não tome mais antibióticos.

As consequências disto podem ser potencialmente fatais, explicou, em comunicado enviado à imprensa, a líder do estudo, Cecilia Jernberg do Instituto para o Controlo de Doenças Infecciosas, na Suécia. "A longa presença de genes de resistência em bactérias do intestino humano aumenta drasticamente a probabilidade de estes serem transferidos e utilizados por bactérias nocivas do intestino. Isso poderia comprometer o sucesso dos futuros tratamentos com antibióticos e, potencialmente, conduzir ao aparecimento de novas estirpes de bactérias resistentes a antibióticos."

O estudo ressalta a necessidade do uso de antibióticos de forma prudente. "A resistência aos antibióticos não é um problema novo e há uma batalha crescente com estirpes multi-resistentes das bactérias patogénicas. O desenvolvimento de novos antibióticos é lento e por isso temos de usar os fármacos eficazes que nos restam com cuidado," disse a investigadora, acrescentando que "esta nova informação sobre os impactos a longo prazo de antibióticos é de grande importância para permitir que as directrizes da administração racional de antibióticos sejam colocadas em prática".
Ministério extingue Alto Comissariado da Saúde


Lisboa, 06 dez (Lusa) -- O Ministério da Saúde decidiu extinguir o Alto Comissariado da Saúde, o que levou a responsável pelo organismo, Maria do Céu Machado, a apresentar hoje a sua demissão.

Esta informação foi confirmada hoje à agência Lusa pelo Ministério da Saúde (MS), que adiantou que "há muito se ponderava a extinção do Alto Comissariado da Saúde no âmbito do processo de reestruturação dos serviços centrais do MS, reforçada agora pela necessidade de contenção de custos e eficácia de gestão que o novo contexto financeiro exige".

O pedido de demissão de Maria do Céu Machado terá surgido na sequência desta decisão do MS.

sábado, 4 de dezembro de 2010

ESPONDILITE ANQUILOSANTE (1)

Definição
A palavra anquilosante vem da raiz grega ankylos que significava curvado, palavra que posteriormente ficou ligada a perda de movimento. Assim, quando uma articulação perde a mobilidade e se apresenta rígida diz-se estar anquilosada.
A palavra espondilite significa inflamação das vértebras. (Khan, 2002)
Trata- se de uma condição, não rara, e que afeta principalmente adultos jovens do sexo masculino. Caracteriza-se por anquilose das articulações sacro- ilíacas, artrite inflamatória das articulações sinoviais da coluna, e ossificações dos ligamentos espinhais. Por vezes afeta igualmente as articulações periféricas e produz uveítes. Do ponto de vista clínico manifesta- se através de dor e rigidez na região lombar com imobilidade progressiva da coluna vertebral.
Etiologia
A doença é três vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres e desenvolve-se em geral entre os 20 e os 40 anos de idade. Não se conhece a causa, mas poderá haver uma influência genética, dado que a doença tende a ser de carácter familiar.
Ocorre histocompatibilidade do antígeno HLA B27 em mais de 80% dos pacientes com espondilite anquilosante, e 50% dos parentes em primeiro grau.
Patologia (estruturas envolvidas)
Articulações sacroilíacas
Coluna Vertebral
Articulações periféricas
Lesões extra articulares
A Espondilite Anquilosante também pode afectar outros órgãos, para além das articulações, nomeadamente o olho, o coração, os pulmões, o aparelho digestivo e a pele.
Fisioterapia
A fisioterapia regular é essencial no tratamento de um paciente com espondilite anquilosante. O acompanhamento de um fisioterapeuta permite desenvolver um programa de exercícios de acordo com as necessidades e deste modo alcançar ganhos de amplitude articular, diminuição da dor, consciencialização corporal e aumento da funcionalidade
Falta de vitamina D ligada a risco de problemas cardíacos
(Especialistas dividem-se quanto à toma de suplementos)

Ter níveis baixos de vitamina D no sangue está associado ao aumento do risco de problemas cardiovasculares, tais como ataques cardíacos ou AVC, conclui um estudo norte-americano, que analisou 1739 pessoas, com idade média de 59 anos, durante cinco anos. O estudo verificou que os que tinham níveis mais baixos de vitamina D, que se obtém através da exposição solar, certos alimentos e suplementos, corriam 62 por cento mais riscos de terem um surto cardíaco.

Publicada na edição de Janeiro do jornal “Circulation” e divulgada pela site “Healt Day”, a análise diz, no entanto, que é ainda muito cedo para se poder recomendar a toma suplementar desta vitamina. Thomas J. Wang, autor do estudo e professor na Escola Médica de Harvard, diz que ainda não existem evidências suficientes de que a carência da vitamina D esteja no mesmo nível de risco que o colesterol elevado e outros factores de risco conhecidos. «Ainda é prematuro para considerar a vitamina D à mesma luz que os outros factores de risco, porque este é um dos primeiros estudos clínicos. Não sabemos se aumentar os níveis de vitamina D com algum tipo de suplemento vai diminuir o risco. Isso requer algum tipo de experiência».

Esta vitamina é reconhecida como essencial para ter ossos fortes, uma vez que facilita a fixação do cálcio. Segundo o site, uma hora de exposição solar por semana permite ao sangue produzir cerca de 30 nanogramas de vitamina D por litro de sangue, o que é mais do que suficiente para prevenir o raquitismo, por exemplo.

O Instituto de Medicina dos Estados Unidos recomenda a toma de 200 unidades internacionais (IU) por jovens, de 400 por pessoas de meia-idade e de 600 por idosos. Mas obter essa quantidade de vitamina diária pode ser difícil, diz Robert U. Simpson, professor de farmacologia na Universidade de Michigan, que também já estudou os receptores de vitamina D nas células cardíacas.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

OMS destaca quedas como segunda principal causa de morte por lesão acidental ou não intencional no mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) chama a atenção para o facto de as quedas serem a segunda principal causa de morte por lesão acidental ou não intencional em todo o mundo, logo após os acidentes rodoviários.

Globalmente, as quedas são um problema de saúde pública, sendo que ocorrem cerca de 424 mil quedas fatais anualmente. Mais de 80% das mortes relacionadas com a queda ocorre em países de baixos e médios rendimentos. Em todas as regiões do mundo, as taxas de mortalidade são maiores entre os adultos com idade superior a 60 anos.

Embora não fatais, cerca de 37,3 milhões de quedas, por ano, são graves o suficiente para exigir atenção médica. A maior morbilidade ocorre em pessoas com mais de 65 anos, jovens adultos com idades entre os 15 e os 29 anos e crianças com 15 ou menos anos. Os custos financeiros associados às lesões relacionadas com quedas são substanciais.
Embora qualquer pessoa que caia corra o risco de ficar com lesões, a idade, o sexo e a saúde do indivíduo podem afectar o tipo e a gravidade dos ferimentos.
Idade

*A idade é um dos principais factores de risco no que toca a quedas. As pessoas mais velhas têm um risco maior de morte ou lesões graves decorrentes de uma queda e o risco aumenta com a idade. Este nível de risco pode ser, em parte, devido a alterações físicas, sensoriais e cognitivas associadas ao envelhecimento, em combinação com ambientes que não estão adaptados para o envelhecimento da população;

*Outro grupo de alto risco são as crianças. Quedas na infância ocorrem, em grande parte, como resultado das suas fases de desenvolvimento, curiosidade inata e níveis crescentes de independência que coincidem com comportamentos mais desafiadores.

Género

*Em todos os grupos etários e regiões, ambos os sexos correm o risco de quedas. Em alguns países, verificou-se que os homens são mais propensos a morrer de uma queda, enquanto as mulheres sofrem mais quedas não fatais. As mulheres mais velhas e as crianças mais jovens são especialmente propensas a quedas e lesões mais graves.

Outros factores de risco

*Profissões que implicam alturas elevadas ou outras condições de trabalho perigosas;

*Uso de álcool ou outras substâncias;

*Factores socioeconómicos, incluindo a pobreza, habitação sobrelotada, situações monoparentais, maternidade em idades jovens;

*Condições médicas subjacentes, nomeadamente neurológicas, cardíacas ou outras condições incapacitantes;

*Efeitos colaterais da medicação, sedentarismo e perda de equilíbrio, especialmente entre os idosos;

*Pouca mobilidade, cognição e visão, sobretudo entre aqueles que estão institucionalizados;

*Ambientes inseguros, especialmente para aqueles com pouco equilíbrio e visão limitada.
De acordo com a OMS, as estratégias de prevenção das quedas devem ser abrangentes e multifacetadas e enfatizar a educação, formação, criação de ambientes mais seguros, dando prioridade à investigação relacionada com a queda e a definição de políticas eficazes para reduzir o risco.
Ultra-som acelera cura das fracturas ósseas

Os ultra-sons aceleram a solidificação das fracturas ósseas, segundo um estudo do Hospital da Universidade de Marburgo e da Universidade de Ulm, na Alemanha, publicado na revista “Musculoskeletal Disorders".

Os investigadores realizaram um estudo aleatório, controlado, com 101 pacientes (51 receberam o tratamento com ultra-som e aos outros 50 foi aplicado um tratamento placebo). Foi verificado que o uso do ultra-som pulsado de baixa intensidade nos pacientes com fractura da tíbia, pacientes com processo de recuperação lento, conduziu a um aumento de 34% da densidade mineral óssea na área da fractura após 16 semanas, em comparação com o uso de um dispositivo que apenas simulava o tratamento, mas que não tinha valor terapêutico. Todos os pacientes que participaram no estudo tinham uma fissura prolongada na tíbia que mostrou uma má recuperação.

Segundo explicou, em comunicado de imprensa, o autor do estudo, Jon E. Block, "estes resultados mostram um maior progresso na solidificação óssea após o tratamento com ultra-som, relativamente aos indivíduos que apresentavam um atraso da consolidação dos ossos da tíbia. Isso deve ajudar a estabelecer um método não invasivo como uma opção de tratamento eficaz e viável para os pacientes que sofrem dessas lesões".

O aparelho de ultra-som consiste numa unidade de controlo portátil ligada por fios a um pequeno emissor de ultra-sons que é colocado sobre o local da fractura, durante 20 minutos por dia. Segundo os cientistas, trata-se do primeiro estudo a fornecer prova de Nível 1 deste efeito neste tipo de fractura.
Assembleia da República (3/12/2010)

Recomenda ao Governo que considere a abordagem das demências uma prioridade política, que elabore um plano nacional de intervenção para as demências e adopte as medidas necessárias para um apoio adequado aos doentes e suas famílias

http://dre.pt/pdf1sdip/2010/12/23400/0544205443.pdf
Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

ver a notícia em http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/dia+deficiencia.htm

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Estudo sobre doenças musculo-esqueléticas

Em Portugal, mais de 48% das ausências laborais por doença musculo-esquelética duram 21 dias ou mais, o dobro da média europeia, mas a situação que pode ser evitada pela intervenção precoce. A conclusão é do estudo «Fit for Work: Doenças Musculoesqueléticas e Participação no Mercado de Trabalho», desenvolvido pela The Work Foundation, uma organização sem fins lucrativos. O estudo, apresentado na AESE Escola de Direcção e Negócios, em Lisboa, está integrado numa iniciativa pan-europeia que tem como objectivo identificar o impacto das doenças musculoesqueléticas no mercado de trabalho. «Os investigadores demonstram que uma intervenção precoce, que procure manter em actividade os doentes com estas patologias, pode contribuir para a produtividade nacional e reduzir o número de pessoas que abandonam a carreira profissional devido à doença», informa o comunicado de imprensa. O director da fundação refere, no mesmo comunicado, que «o trabalho pode ser a causa e a cura destas doenças. Pode agravar os seus sintomas, mas se interviermos precocemente, e se criarmos formas de apoiar os doentes, o trabalho pode fazer parte do processo de recuperação, na medida em que contribui para a auto-estima e faz com que o doente se sinta produtivo. É fundamental mudar a atitude dos profissionais de saúde e empregadores que acreditam que quem sofre de doenças musculoesqueléticas deve estar 100% recuperado antes de voltar a trabalhar».O estudo examinou quatro sintomas: dores musculares (afectam 31% dos trabalhadores portugueses), lesões de origem laboral nos membros superiores (afectam 29% das pessoas), a artrite reumatóide (cerca de 25% das pessoas deixa de trabalhar ao fim de cinco anos depois do diagnóstico) e as espondiloartropatias (doença reumática, crónica e progressiva que afecta sobretudo a espinha, mas também articulações, tendões e ligamentos).Face a este problema, os investigadores deixam algumas recomendações como a intervenção precoce, o reforço da avaliação dos custos sociais directos e indirectos e do impacto na vida laboral destas doenças, mais especialistas de reumatologia e uma maior concentração dos afectados pela doença na capacidade e não na incapacidade.

Doenças Musculo Esqueléticas no Parlamento Europeu

O impacto das doenças músculo-esqueléticas poderá ser minimizado com a criação de um plano nacional, de acordo com Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR). O apelo foi feito ontem, no Parlamento Europeu, no lançamento de uma aliança europeia de políticos, doentes e especialistas em saúde e trabalho. Esta aliança juntará forças numa acção de prevenção e tratamento das doenças músculo-esqueléticas, coordenada por autoridades nacionais e da União Europeia. As doenças músculo-esqueléticas abrangem mais de 100 patologias que afectam os ossos, músculos, articulações, tendões, ligamentos, nervos periféricos e vasos sanguíneos, provocando dor e lesões graves. Na Europa há 100 milhões de europeus que sofrem de dores músculo-esqueléticas crónicas. «Destes, 40 milhões são trabalhadores e cerca de 40% têm que deixar de trabalhar devido à doença. A reduzida produtividade destes trabalhadores, entre outros aspectos das patologias músculo-esqueléticas, leva a gastos que estão estimados em 240 mil milhões de euros», refere o comunicado de imprensa da ANDAR .


Artrite reumatóide afecta 40 mil pessoas em Portugal

Dr. Pedro Gonçalves- Arsisete Saraiva


Portugal não é um dos países com uma taxa de prevalência mais elevada, quando comparado com outras nações da UE, mas ainda assim serão cerca de 40 mil os doentes diagnosticados com artrite reumatóide (AR). Muitos sentem as dificuldades da sua doença nas tarefas básicas do seu dia-a-dia e o simples gesto de abrir uma porta pode constituir um desafio insuperável.

«Infelizmente, não se sabe qual é a causa desta doença, porque caso contrário o tratamento poderia ser mais eficaz e até mesmo curativo.» É deste modo realista que o Dr. Pedro Gonçalves, assistente graduado de Reumatologia do Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, aborda o actual conhecimento disponível acerca da AR.

Embora não passem de suposições, pensa-se que na base da doença estará um conjunto de múltiplos factores, como explica o reumatologista:«A uma predisposição genética que as pessoas têm pode adicionar-se a possibilidade de existir um estímulo externo, que não sabemos ao certo qual é. Num terreno predisposto para a doença, o estímulo externo poderá conduzir a um processo inflamatório que resulta na cronicidade e perpetuação da situação clínica.»

Por definição, a AR é uma doença reumática crónica inflamatória, que pertence ao grupo de doenças do tecido conjuntivo, também conhecido por conectivites. Na explicação para a sua acção totalmente incapacitante, o médico do HGO especifica que «o tecido conjuntivo ocupa todos os órgãos e tecidos do nosso organismo, pelo que esta é uma doença que pode praticamente afectar qualquer órgão, tecido ou sistema do nosso corpo».Contudo, acrescenta Pedro Gonçalves, «a AR distingue-se das outras doenças do mesmo grupo porque há uma predilecção especial pelo facto de a doença envolver as articulações. Nomeadamente, as articulações sinoviais, que são muito numerosas».

A doença pode afectar inúmeros movimentos e, a título de exemplo, o especialista refere que a articulação tempora-maxilar, responsável pela abertura e fecho da boca, pode ser uma das atingidas, assim como as pequenas articulações dos dedos das mãos, pés e punhos. Apesar de atingir preferencialmente as articulações, o médico explica que «esta é também uma patologia que, em formas mais graves e arrastadas no tempo, pode envolver órgãos vitais, como o coração, os pulmões ou os rins, podendo pôr em causa a própria vida do doente». Contudo, assegura, «essas situações são hoje muito mais raras».

Os números que fazem a doença

Os últimos estudos realizados junto da população portuguesa revelam que a AR é uma patologia com uma prevalência entre 0,3 e 0,5%. «É uma prevalência baixa», realça o médico, «sobretudo se tivermos em conta que noutros países da Europa e nos EUA esse valor pode atingir 1%».

Para além destes dados globais, há a referir que esta é uma patologia mais frequente junto das mulheres, numa razão de 4:1. As idades mais críticas no que diz respeito ao aparecimento da doença são entre os 30 e os 50 anos, «mas esta pode aparecer desde as idades mais jovens até às mais tardias», alerta o médico. Em qualquer dos casos, a chave do sucesso está sempre num diagnóstico precoce. Aliás, destaca Pedro Gonçalves, «se a doença for precocemente diagnosticada e tratada, as consequências podem ser mínimas, pois, hoje em dia, dispomos de medicamentos altamente eficazes no controlo da doença». Já no caso de a doença ser deixada sem tratamento ou com terapia inadequada, a destruição irreversível das articulações é quase certa. As primeiras zonas envolvidas são, habitualmente, as pequenas articulações das mãos, os punhos, os pés, os ombros e os joelhos. E se há locais em que é possível proceder à cirurgia curativa, noutros os doentes ficam irremediavelmente limitados para as suas tarefas do dia-a-dia.

Para evitar tal cenário, «é preciso actuarmos de um modo activo nos primeiros três a quatro meses de evolução da doença, para podermos reverter a sua cronicidade. Podemos até induzir a sua remissão, ou seja, a doença fica adormecida e praticamente sem sintomas», acentua o reumatologista, acrescentando que «é extremamente importante alertar as pessoas e os médicos de medicina familiar para que os doentes que tenham suspeita de artrite – com dor, tumefacção ou edema das mãos, ou de outras articulações – sejam rapidamente referenciados ao médico reumatologista para serem avaliados e, se necessário, tratados farmacologicamente».

Para além da idade média da vida (30-50 anos) e do sexo feminino, o especialista do Garcia de Orta destaca que há também uma maior predisposição para o aparecimento da doença em fumadores, quer em termos de prevalência, quer de gravidade, assim como após estímulos psicossociais de grande intensidade. É o caso, exemplifica, «de uma mulher que se divorcie, ou que perca um ente querido. São situações em que existe um forte impacto na vida emocional e social do ser humano». Esse tipo de estímulo pode provocar uma debilidade do sistema imunológico e ser responsável pelo aparecimento da AR.

O recurso ao tratamento

Todas as soluções disponíveis para o tratamento desta doença extremamente incapacitante são impotentes para a curar, mas possibilitam atenuar drasticamente os seus efeitos. Existem medicamentos indicados para tratar os sintomas e sinais e outro tipo de fármacos que são utilizados para travar a progressão da doença.

«A maior parte deles», explica Pedro Gonçalves, «são agentes imunossupressores, que podem ter um papel importante até aos três ou quatro meses de evolução da doença».No entanto, adianta, «quando estes agentes não são eficazes, os agentes biológicos são o passo seguinte, resultado do desenvolvimento da engenharia genética e molecular». Tal como explica o médico, estes agentes biológicos que actuam directamente sobre os mediadores da inflamação «são moléculas recentes que, nos doentes refractários às outras terapêuticas, podem ser utilizadas e facilitam o controlo da doença em 80% dos casos. Isto é, 80% dos doentes que são sujeitos a terapêutica com agentes biológicos respondem de forma muito satisfatória, quer com remissão, quer com diminuição da actividade da doença».Contudo, alerta, «os agentes biológicos não devem ser prescritos de ânimo leve e têm de ser sujeitos a um rigoroso controlo do médico, dadas as suas complicações, nomeadamente o perigo de aparecimento de infecções ou de tuberculose, as complicações mais frequentes».Para concluir, o reumatologista alerta que o mais importante é ter consciência de que «a AR, caso não seja tratada, pode ser uma doença com um comportamento muito agressivo e provocar destruição articular, levando à perda completa de capacidade do doente em fazer a sua vida mais banal». Neste sentido, «apesar de os agentes biológicos serem mais caros, seguramente que a sua utilização precoce será compensadora e evitará os custos económicos e sociais que a doença pode provocar se for deixada no seu ritmo inexorável de normal progressão», conclui.

ANDAR em movimento

«Dar voz aos doentes, de quem todos falam e que no discurso politicamente correcto todos colocam no centro do sistema de saúde, mas que poucas vezes são consultados ou ouvidos nas decisões que lhes dizem respeito.» Resumidamente, assume Arsisete Saraiva, este foi o objectivo que alavancou o arranque da ANDAR, a Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide, acrescentando que, «por outro lado, faltava uma associação que se dedicasse exclusivamente à AR e desse apoio médico social aos doentes e seus familiares».

Fundada a 5 de Abril de 1995, a ANDAR tem como missão apoiar os doentes e seus familiares, informando e lutando por uma melhoria assistencial e de qualidade de vida dos doentes. Devido ao número crescente de doentes, esclarece a presidente desta associação, «informá-los, assim como aos seus familiares, sobre a doença foi a primeira iniciativa da ANDAR, com a edição de uma brochura com informações úteis aos doentes».

Assim, foi sem surpresa que, pelo esforço desenvolvido pela ANDAR, a artrite reumatóide se tornou a primeira doença em Portugal a ter um dia nacional reconhecido pelo Estado, precisamente o dia 5 de Abril.Desde aí, a ANDAR tem aumentado a sua influência e actividade, com a publicação de um boletim que vai já na sua 16.ª edição, dois livros com testemunhos de vida de doentes com AR, uma brochura com informações sobre a doença e um livro sobre exercícios aquáticos para doentes com artrite.

Ainda em 2001 iniciaram-se as primeiras jornadas da ANDAR, que anualmente celebram o dia nacional e apresentam as novidades e a dimensão da doença no contexto da saúde em Portugal e no mundo. Mais recentemente, frisa Arsisete Saraiva, «com o aparecimento dos medicamentos modificadores da resposta biológica da AR, deu-se um grande avanço no tratamento da AR, particularmente das formas mais graves e refractárias». Contudo, adianta, «a sua aprovação em Portugal veio introduzir um factor de discriminação no acesso, com desigualdade de oportunidades em função da “porta de entrada” no serviço nacional de saúde».Neste âmbito, esclarece, «a associação desde logo procurou sensibilizar todos os parceiros para esta iniquidade. Para além das diligências junto do Ministério da Saúde, das intervenções públicas, das jornadas anuais e do seu boletim, tomou a iniciativa de levar uma petição popular com mais de 16.500 assinaturas à Assembleia da República, em Dezembro de 2006, tendo reunido com todos os grupos parlamentares para os sensibilizar para a restrição de acesso dos doentes».

Para 2009, a ANDAR promete continuar e reforçar a sua actividade e entre os principais objectivos destacam-se a organização de sessões mensais com doentes em grupos de suporte, a constituição de uma federação internacional, angariar fundos para o projecto do Centro de Acolhimento em Lisboa, a abertura de núcleos regionais e alargar as actividades de voluntariado.

TESTEMUNHOS:Vida nova

Hoje com 69 anos, José Pereira está reformado e lembra sem saudade o dia em que deixou de se mexer, «da cabeça aos pés», como faz questão de frisar.

Depois de 12 anos na Guarda Fiscal e de 30 como recepcionista da Lisnave, há quatro anos, José Pereira começava a gozar os seus merecidos dias de descanso quando os primeiros sinais de AR se manifestaram.«Esta doença apareceu quase de repente e no prazo de 15 dias fiquei praticamente sem me mexer. Não era sequer capaz de abotoar uma camisa ou de me vestir. As mãos estavam todas deformadas e todas as posições eram incómodas. Foram dois meses em que até dormir era muito doloroso.»

Pouco informado do que era a doença, José Pereira não esqueceu as primeiras palavras do médico, que o informou de que não havia qualquer cura, mas apenas medicamentos que traziam bons resultados. «Havia pessoas que se davam bem, mas havia outras que podiam não se dar», disse-me ele, «mas no meu caso o sucesso é óbvio e não há comparação com os primeiros meses em que não conseguia fazer nada. Felizmente, recuperei a minha vida normal e faço todas as minhas actividades normais sem dificuldade». Hoje, os dias decorrem com normalidade e José Pereira está feliz por poder aproveitar esta fase da sua vida em que apenas tem de ir ao hospital a cada dois meses, para fazer o tratamento.«Para ocupar os tempos livres, entretenho-me a cuidar do meu neto. Além disso, faço caminhadas e cuido do meu quintal».

Vida activa

Grande parte da sua vida de trabalho foi passada num centro de saúde, onde era administrativa, mas Maria Vitória Bastos não pensou que, chegada a altura de reforma, teria de continuar a frequentar espaços do género, mas por motivos de saúde.

Hoje com 62 anos, a doente recorda que a artrite apareceu aos 58, quando ela e o marido planeavam já os tempos de reforma.«Há já muitos anos que tinha problemas de reumático e me queixava de dores de coluna e joelhos. Como trabalhava num centro de saúde fui sempre acompanhando a situação, fazia fisioterapia e anti-inflamatórios, até que em 2005 tive uma crise nas articulações fora do vulgar. Fiquei com as articulações das mãos todas inchadas, assim como os joelhos e cotovelos. Eram bolas autênticas que surgiram de modo completamente repentino.» Nessa altura, as análises confirmaram o pior, pelo que a solução era consultar rapidamente um reumatologista. Contudo, conta, «nos primeiros tempos não houve quaisquer sinais de melhoras. Bem pelo contrário, o sofrimento e as dores eram terríveis. Deixei de andar e de fazer a minha vida normal. O meu marido é que tinha de fazer tudo, desde as tarefas da casa até à minha higiene pessoal».Hoje, o cenário é bem diferente e Maria Vitória Bastos apenas tem de ir ao hospital de dois em dois meses. Não esquece os tempos difíceis e sabe qual a razão para tão grande mudança: os medicamentos biológicos. «O meu caso era raro, porque a doença parecia não responder à terapêutica convencional. E, realmente, esta solução foi quase milagrosa. Comecei a fazer o medicamento biológico e na primeira semana já sentia melhoras.»

Actualmente, os dias são preenchidos e deles fazem parte a ginástica e a natação. Contente por recuperar a sua vida, Maria Vitória Bastos assinala que não pode fazer esforços extraordinários, mas as actividades quotidianas não são um problema.«A única coisa que sinto mais regularmente é o cansaço, mas, apesar disso, não fico quieta e faço questão de ir à minha vida.»

(in http://www.jasfarma.pt/artigo.php?publicacao=sp&numero=79&artigo=9)

Hoje começa este projecto!

O objectivo é conseguir reunir num só "espaço" informação relacionada com os diversos temas da Saúde. Com primazia para a Fisioterapia, claro!