domingo, 4 de agosto de 2019

Vacinas contra meningite B e rotavírus são seguras e eficazes
Considerações da Sociedade Portuguesa de Pediatria
A Sociedade Portuguesa de Pediatria considera que as vacinas contra a meningite B e contra o rotavírus são seguras e eficazes, indicou a agência Lusa.
Luís Varandas, da Sociedade Portuguesa de Pediatria, explicou que as recomendações da Sociedade são científicas, mas vão no sentido de esclarecer os médicos pediatras sobre a eficácia e segurança das vacinas em termos de proteção individual.
Quanto à meningite B, o especialista afirmou que, apesar de ser uma “doença rara”, há cerca de 40 casos por ano em Portugal, sendo que é uma doença “potencialmente fatal em menos de 24 horas” e que não tem outra forma de proteção além da vacina.
Todos os anos morrem entre duas a três crianças em Portugal com meningite B e pelo menos 20% de todos os casos da doença ficam com sequelas para toda a vida.
Um estudo já feito em Portugal sobre esta vacina demonstrou uma eficácia de proteção da vacina da meningite B acima dos 80%, em linha com o registado no Reino Unido, por exemplo. O grupo alvo desta vacina serão todas as crianças até aos dois anos.
Quanto à vacina contra o rotavírus (que provoca gastroenterites), o perito recordou que é uma doença que todas as pessoas têm pelo menos uma vez na vida, acrescentando que a imunização também é segura e eficaz para os casos de doença grave.
No Reino Unido, a introdução da vacina demonstrou, por exemplo, uma redução de cerca de 90% dos internamentos por rotavírus.
Quanto ao alargamento da vacina contra o HPV (vírus do papiloma humano) aos rapazes, Luís Varandas considerou que “há uma carga de doença significativa que podia ser evitada”.
A vacina contra o HPV já consta do Programa Nacional de Vacinação para as raparigas, mas o perito lembra que isso não protege todos os rapazes, nomeadamente no grupo de homens que têm sexo com homens, além de ficarem de fora os rapazes que têm sexo com raparigas não vacinadas.
Autismo: confirmada ligação entre trato gastrointestinal e cérebro
Estudo publicado na revista “Autism Research”
Uma equipa de investigadores poderá ter descoberto a razão pela qual muitos dos pacientes com autismo apresentam problemas do trato gastrointestinal.

Segundo Elisa Hill-Yardin, investigadora envolvida no achado, da Universidade RMIT, na Austrália, até 90% dos pacientes com autismo sofrem de problemas gastrointestinais. A investigadora e colegas descobriram que as mesmas mutações genéticas no cérebro e no sistema gastrointestinal poderão ser a causa desses problemas.

Já há muito que os investigadores têm procurado perceber o autismo estudando o cérebro. Porém a ligação com o sistema nervoso gastrointestinal só começou a ser recentemente explorada. 

“Sabemos que o cérebro e o sistema gastrointestinal partilham muitos neurónios e agora, pela primeira vez, confirmámos que partilham também mutações genéticas ligadas ao autismo”, indicou Elisa Hill-Yardin.

A equipa descobriu uma mutação genética que afeta a comunicação neuronal no cérebro e foi a primeira causa de autismo identificada que causa também disfunções intestinais.

Este trabalho reúne resultados de estudos pré-clínicos em animais e de um estudo clínico de 2003 liderado por investigadores suecos e um francês, que foi o primeiro a identificar uma mutação genética específica que causa o autismo. Esta mutação altera o “velcro” que mantém os neurónios em contacto próximo, afetando a comunicação.

O mesmo estudo, que tinha analisado dois irmãos, detetou que os mesmo tinham problemas gastrointestinais significativos
O presente estudo descobriu que aquela mutação genética afeta as contrações gastrointestinais, o número de neurónios no intestino delgado, a velocidade com que os alimentos se deslocam no intestino delgado e as respostas a um neurotransmissor importante no autismo (já bem conhecido no cérebro e agora descoberto o seu importante papel no sistema gastrointestinal).

Este achado confirma a existência de uma ligação entre o cérebro e o sistema nervoso intestinal e abre caminho para uma nova abordagem em relação a potenciais tratamentos que possam aliviar questões comportamentais associadas ao autismo, atuando sobre o trato gastrointestinal
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“Identificámos também que é necessário perceber melhor a forma como as medicações existentes para o autismo que atuam sobre os neurotransmissores no cérebro estão a afetar o sistema gastrointestinal”, afirmou Elisa Hill-Yardin.