Doença celíaca é subdiagnosticada em Portugal
Há cerca de 100 mil celíacos "anónimos"
A Doença Celíaca, caracterizada pela "intolerância" ao glúten, que
afeta entre 1 e 3% da população portuguesa é subdiagnosticada uma vez
que existem cerca de 100 mil celíacos "anónimos".
A propósito da 2ª reunião nacional da Doença Celíaca, a realizar
sábado, em Braga, a organizadora do evento e médica, Henedina Antunes,
revelou à agência Lusa que ainda não é fácil" o dia-a-dia de um celíaco
principalmente porque "muitas vezes o é sem saber".
A Doença Celíaca (DC) é uma doença autoimune, que afeta indivíduos com
predisposição genética, causada pela permanente sensibilidade ao glúten
que, ao ser ingerido, provoca lesões na mucosa do intestino e origina
uma diminuição da capacidade de absorção dos nutrientes.
"Em Portugal existe apenas um estudo sobre a DC. Foi feito aqui em
Braga e apontou para uma prevalência da patologia em uma em 134 pessoas.
Ou seja, estima-se que entre 1 e 3% dos portugueses sejam celíacos",
disse Henedina Antunes, também autora do referido estudo.
Apesar dos cálculos, em Portugal "apenas estão diagnosticados 10 mil
indivíduos", sinal de que esta é uma doença "subdiagnosticada" ainda
hoje. "A verdade é que podem existir até cerca de 100 mil celíacos
anónimos. Isto tem consequências na saúde destes indivíduos e afeta-os,
seguramente, no bem-estar", alertou.
Assim a especialista defende que "aos primeiros sinais deve ser feito o
rastreio", exame que, disse, "nem é muito dispendioso, mas pode
traduzir-se numa melhoria enorme na qualidade de vida" dos doentes.
"Há mulheres a quem só é diagnosticada a DC quando querem engravidar e
não conseguem. É um exemplo de como se pode chegar à idade adulta sem
que seja apontado o problema embora, indiscutivelmente, tenha havido
sinais de alarme ao longo da vida", contou.
Os sintomas da DC são "na forma típica, que afeta as crianças,
diarreias crónicas, distensão abdominal, vómitos, atrasos no
crescimento", na "forma atípica, em adultos, anemia, aftas, dores
ósseas, caibras, alterações dermatológicas".
A DC, embora não seja uma doença "potencialmente fatal", pode levar à
morte porque, explicou Henedina Antunes, "a proibição de ingerir glúten é
vitalícia" já que "não há cura" para a patologia.
"Muitos alimentos têm glúten e as pessoas não o sabem. Todos os
derivados de trigo, cevada, centeio e aveia como pão, torradas,
bolachas, massas, bolos, cerveja, entre outros. Daí esta ser uma doença
associada a áreas indo-europeias onde aqueles prevalecem na alimentação.
Mas já há casos de DC em países como a China, efeitos da globalização
alimentar", explicou.
De acordo com a especialista, "apesar das restrições, não é impossível
conviver com esta doença, embora ainda hoje seja difícil", até porque,
referiu, "a oferta, apesar de ter crescido nos últimos 10 anos, não é
muita e, em regra, estes alimentos preparados sem glúten são mais
caros".
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/doenca-celiaca-e-subdiagnosticada-em-portugal?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20140512)
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