domingo, 5 de maio de 2019

Porque é que necessitamos de dormir?
Estudo publicado na revista “Nature Communications”
Uma equipa de investigadores descobriu uma nova e inesperada função do sono que poderá explicar a razão pela qual os problemas de sono afetam o desempenho cerebral, o envelhecimento e doenças do cérebro.
 
Todos os organismos que possuem um sistema nervoso necessitam de dormir, mesmo perante a ameaça de eventuais predadores. Ao longo da evolução das espécies, o sono tem-se mantido como uma necessidade universal para esses organismos, quer sejam mamíferos, quer sejam animais invertebrados como moscas ou minhocas.
 
Os investigadores da Universidade de Bar-Ilan, em Israel, descobriram, através de imagens tridimensionais de cromossomas isolados, que cada neurónio necessita de dormir para poder fazer a sua manutenção nuclear. Os achados da equipa foram efetuados através da observação de peixes-zebra. 
 
Os peixes-zebra são modelos perfeitos para estudar células isoladas em animais vivos pois são transparentes e possuem um cérebro semelhante ao dos humanos. Portanto, os investigadores conseguiram observar o movimento do ADN e das proteínas do núcleo da célula, no interior dos peixes, quando estes se encontravam em estado de vigília e a dormir.
 
Foi observado que os cromossomas se encontram mais ativos durante a noite, quando o corpo está em repouso, e que esta maior atividade permite reparar eficazmente os danos efetuados ao ADN.
 
Os danos ao ADN podem ser causados por muitos processos como stress oxidativo, radiação e até atividade neuronal. Os sistemas de reparação (do ADN) existentes em cada célula corrigem esses danos. A equipa observou que durante as horas de vigília, quando o dinamismo dos cromossomas é menor, os danos ao ADN vão-se acumulando, podendo atingir níveis prejudiciais.
 
A função do sono é aumentar o dinamismo dos cromossomas e normalizar os níveis de danos causados no ADN em cada neurónio. Este processo de manutenção do ADN parece não ser totalmente eficiente durante as horas de vigília e necessita de um período de sono, quando o estímulo cerebral é muito reduzido. Lior Appelbaum, que liderou o estudo, comparou este processo a uma estrada esburacada. As estradas vão acumulando estragos, especialmente à hora de ponta, e são mais eficazmente reparadas durante a noite, quando há menos tráfego automóvel. 
 

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