Vitamina A durante a gravidez é essencial para um sistema imunitário saudável nos filhos
Equipa de cientistas liderada por portugueses descobriu que a
ausência total de vitamina A impede a formação normal dos gânglios
linfáticos, peças importantes do sistema imunitário. Artigo é publicado
na revista Nature.
Uma equipa internacional liderada por cientistas portugueses
descobriu que a ausência de vitamina A durante o desenvolvimento
embrionário – neste caso nos ratinhos da experiência – impede a formação
normal dos gânglios linfáticos, peças-chave do sistema imunitário. A
carência de vitamina A na gravidez põe assim em causa a resposta
imunitária. A descoberta, publicada hoje na revista Nature, demonstra como esta vitamina é essencial na alimentação das mulheres, principalmente nos países em desenvolvimento.
Pode-se ir buscar a
vitamina A a muitos alimentos: cenouras, espinafres ou a batatas-doces.
Esta vitamina é necessária para a formação de pigmentos visuais,
regulação das células do sistema imunitário nos intestinos ou para o
desenvolvimento do próprio embrião.
Agora, uma equipa
internacional, com cientistas da Holanda e dos Estados Unidos,
coordenada por Henrique Veiga Fernandes, líder de um grupo no Instituto
de Medicina Molecular de Lisboa, observou que a vitamina A permitia a
maturação das células que, durante o desenvolvimento embrionário dos
ratinhos, vão formar os gânglios linfáticos e as placas de Peyer –
estruturas do sistema linfático situadas nos intestinos, onde têm uma
função imunitária importante.
Os gânglios linfáticos têm entre um a
dois centímetros e estão distribuídos em locais como as virilhas, as
axilas ou na região da garganta. Dentro dos gânglios alojam-se os
linfócitos, especializados no combate de bactérias ou vírus. Outras
células do sistema imunitário têm a função de levar até aos gânglios
pedaços dos organismos patogénicos que infectam o corpo: uma vez aí,
mostram estes pedaços ao maior número possível de linfócitos, até
encontrarem o linfócito que naturalmente é mais adequado para combater
aquele organismo.
Quando isso acontece, inicia-se uma resposta
imunitária, que pode desencadear o inchaço do gânglio. Se os linfócitos
estivessem espalhados pelo corpo, aquela célula imunitária que leva o
pedaço do agente patogénico teria muita dificuldade em encontrar o
linfócito especializado.
Abelhas operárias
Os gânglios formam-se durante o desenvolvimento embrionário, graças a um tipo de células do sistema imunitário – as células indutoras do tecido linfático. Saindo do fígado do feto, estas células viajam pelo sangue até que, em determinados locais do corpo, saltam dos vasos para formar os gânglios linfáticos.
Os gânglios formam-se durante o desenvolvimento embrionário, graças a um tipo de células do sistema imunitário – as células indutoras do tecido linfático. Saindo do fígado do feto, estas células viajam pelo sangue até que, em determinados locais do corpo, saltam dos vasos para formar os gânglios linfáticos.
“Estas
células funcionam como abelhas operárias”, explica Henrique Veiga
Fernandes ao PÚBLICO. “Quando saem do sangue, formam pequenos
agregadores de células e estão sempre em movimento.”
Nesses
locais, as células indutoras do tecido linfático sofrem um passo final
de maturação. Depois, provocam alterações nas células do tecido
conjuntivo e são estas que vão formar “os andaimes” dos gânglios
linfáticos. Quando esses “andaimes” ficam construídos, os linfócitos vão
habitá-los.
A equipa de
Henrique Veiga Fernandes tentou descobrir o que desencadeava a maturação
final das células indutoras do tecido linfático. Com testes, primeiro in vitro e depois in vivo,
os cientistas chegaram à conclusão de que era necessária a presença de
ácido retinóico (um composto que o corpo produz a partir da vitamina A).
“A metabolização da vitamina A faz com que as células se diferenciem.
Este foi o nosso ponto de partida”, diz o cientista.
Depois,
quiseram encontrar o mecanismo celular que originava esta transição. Já
se sabia que nas células indutoras do tecido linfático existem
moléculas capazes de receber o ácido retinóico. Agora, a equipa
descobriu que esse receptor é responsável por activar um gene no núcleo
dessas células e esse gene activa, por sua vez, muitos outros genes que
desencadeiam a maturação destas células. A partir daí estão prontas para
pôr as células do tecido conjuntivo em acção.
Fonte - Publico (19.03.2014) http://www.publico.pt/ciencia/noticia/vitamina-a-durante-a-gravidez-e-essencial-para-um-sistema-imunitario-saudavel-nos-filhos-1628953#/0
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