Todos os anos nascem em Portugal pelo menos mil bebés prematuros com menos de 1500 gramas
Programa criado pela associação XXS pretende criar acções de formação para pais de bebés que nascem antes do fim da gravidez.
Em cada 100 bebés que nascem em Portugal oito nascem prematuros, ou
seja, antes das 37 semanas de gestação, mas dentro destes existe um
grupo de crianças com um maior risco de morte e de sequelas: são os
recém-nascidos de muito baixo peso. Todos os anos nascem cerca de 1000
crianças com peso inferior a 1500 gramas, afirmou Rosalina Barroso,
presidente da secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de
Pediatria. Os dados foram apresentados esta terça-feira na sessão de
apresentação do projecto CARE (Cuidados de Apoio a Recém-nascidos em
Risco), criado para dar apoio a crianças prematuras e aos seus pais.
Nascem cada vez mais bebés antes do fim da gravidez.
As razões são várias, mas uma delas é o facto de a idade das mães ser
cada vez mais tardia, referiu a directora da unidade de neonatologia da
Maternidade Alfredo da Costa, Teresa Tomé, lembrando que em Portugal a
média da primeira gravidez está já nos 31,5 anos, sendo cada vez mais as
mulheres que têm bebés acima dos 35 anos, idade a partir da qual
aumenta o risco da prematuridade.
Fernando Leal da Costa, o
secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, admitiu que “há
condições de carácter social” que podem estar a fazer com que as pessoas
adiem cada vez mais a idade de ter filhos, notando “que não há
estímulos suficientes para poder ter filhos mais cedo”. Há também
comportamentos de risco, como o facto de a mãe ser fumadora, ou ter
excesso de peso, sofrer de stress, que aumentam o risco de parto
prematuro.
É assim que 8% a 10% dos bebés que nascem em Portugal são prematuros, disse o governante. E um terço da mortalidade infantil em Portugal acontece nestes bebés.
É assim que 8% a 10% dos bebés que nascem em Portugal são prematuros, disse o governante. E um terço da mortalidade infantil em Portugal acontece nestes bebés.
Os recém-nascidos com idade
gestacional inferior a 32 semanas e com menos de 1500 gramas são os que
apresentam maior risco de morte, são também os que têm maior risco de
distúrbios do desenvolvimento, como atrasos cognitivos, perturbações da
linguagem, paralisia cerebral, dificuldades de coordenação e equilíbrio,
défices visuais e auditivos.
O Registo Nacional do Recém-Nascido
de Muito Baixo Peso, no qual os profissionais assinalam as crianças que
passaram pelas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais, contabilizou
16.993 crianças nestas condições nascidas entre 1996 e 2012, o que dá
uma média de cerca de mil por ano, disse Rosalina Barroso. O limite da
viabilidade está definido nas 25 semanas e 600 gramas de peso.
A XXS-Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro
nasceu em 2008 precisamente para dar apoio a estas famílias e foi nesta
associação de pais que nasceu o projecto lançado esta terça-feira. O
CARE receberá verbas do Ministério do Trabalho e da Solidariedade, e
apoio do Ministério da Saúde. Os pormenores práticos sobre o projecto
ainda são poucos mas o que se pretende é criar formações específicas
para pessoal de saúde na prestação de cuidados a bebés prematuros. Outro
dos grandes enfoques do projecto é aumentar os conhecimentos sobre os
pais que têm estes filhos. As dificuldades são várias.
Tudo começa
no hospital. Estes são bebés que, em muitos casos, passarão os seus
primeiros dois a três meses de vida internados numa unidade de cuidados
intensivos de neonatologia, explica Teresa Tomé. Contrariamente aos
bebés de termo, os prematuros não sabem mamar – essa é uma capacidade
que só adquirem às 34 semanas –, mas deve-lhes ser dado leite materno
através de sondas. Ou seja, tem que haver um enorme esforço das mães
para estimular a produção de leite, armazenar, trazer o leite para o
hospital para ser dado ao bebé, refere a médica.
Nos seminários de
formação para pais está previsto serem abordadas questões como as
vantagens do “método canguru” em que é estimulado, desde muito cedo, o
contacto pele a pele entre a mãe e o bebé, uma forma de manterem o calor
como complemento à incubadora, refere a médica, isto se o bebé estiver
estável. Outra das vertentes será a formação no apoio na ida para casa
depois da alta.
Fonte - Público (19.03.2014) - http://www.publico.pt/sociedade/noticia/todos-os-anos-nascem-em-portugal-pelo-menosmil-bebes-com-menos-1500-gramas-1628922
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