Alimentação: jejum é tão importante quanto o que se ingere
Estudo publicado na revista “Cell Metabolism”
22 Maio 2012
As horas do dia a que se ingerem alimentos são tão importantes como o
tipo de dieta adotada. O estudo publicado na revista “Cell Metabolism”
dá conta que a ingestão regular de alimentos e o prolongamento do
período de jejum pode anular os efeitos adversos de uma dieta rica em
gordura e prevenir também a obesidade, diabetes e doenças do fígado.
Neste estudo os investigadores do Salk's Regulatory Biology Laboratory,
nos EUA, procuraram determinar se a obesidade e as doenças metabólicas
são o resultado de uma dieta rica em gordura ou da perturbação dos
ciclos metabólicos.
De forma a responder a esta questão os investigadores, liderados por
Satchidananda Panda, alimentaram dois grupos de ratinhos, que
partilhavam os mesmos genes, sexo, e idade com uma dieta na qual 60% das
calorias eram provenientes de gordura. Um dos grupos dos animais
alimentava-se quando queria, consumindo metade dos alimentos durante a
noite, pois os ratinhos são notívagos, e fazendo pequenas refeições ao
longo do dia. A um segundo grupo de ratinhos foi-lhes imposto uma
restrição do horário das refeições, podendo só comer durante apenas oito
horas todas as noites, o que se traduziu num jejum de 16 horas. O
estudo inclui ainda mais dois grupos de animais, grupos de controlo, que
foram alimentados com uma dieta em que 13% das calorias eram
provenientes de gordura, sendo estes também submetidos a condições
similares.
Após 100 dias, os investigadores verificaram que os ratinhos que se
alimentaram frequentemente ao longo do dia tiveram um maior aumento de
peso, desenvolveram níveis elevados de colesterol e glucose,
apresentaram danos no fígado e um menor controlo motor. Por outro lado,
os ratinhos que só se alimentaram durante as 8 horas pesavam 28% menos e
não apresentaram nenhum efeito adverso, apesar de terem sido
alimentados com a mesma dieta.
“Estes resultados são surpreendentes”, revelou em comunicado de
imprensa a primeira autora do estudo, Megumi Hatori. “Durante os últimos
50 anos as pessoas foram aconselhadas a reduzir a quantidade de gordura
e a fazer pequenas refeições ao longo do dia. Contudo, verificámos que o
tempo de jejum também é importante. Através da restrição do horário das
refeições, as pessoas podem diminuir os efeitos adversos da adoção de
uma dieta rica em gordura.”
Os cientistas há muito que assumem que o tipo de dieta adotada conduz à
obesidade nos ratinhos. Contudo, este estudo sugere que a ingestão
calórica ao longo do dia pode contribuir de igual modo para a obesidade,
pois pode interferir com as vias metabólicas controladas pelo ritmo
circadiano e pelos sensores dos nutrientes.
Na verdade os investigadores verificaram que o organismo armazena as
gorduras durante as refeições e começa a decompor a gordura e colesterol
em ácidos biliares benéficos poucas horas após jejum. Ao ingerir
alimentos com frequência, o organismo continua a produzir e armazenar
gordura inflando as células de gordura e células hepáticas, o que pode
resultar em danos no fígado. Perante estas condições o fígado continua a
produzir glucose, o que faz aumentar os seus níveis sanguíneos. Por
outro lado, as refeições com restrições de horário, reduzem a produção
de gordura, glucose e colesterol. Nestes casos há uma redução do
armazenamento de gorduras e os mecanismos de descomposição destas são
ativados quando os animais são submetidos a um jejum diário, mantendo
assim as células do fígado saudáveis e uma redução global da gordura.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/alimentacao-jejum-e-tao-importante-quanto-o-que-se-ingere?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20120528)
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