Crianças portuguesas estão mais sedentárias
Estudo "Independência de Mobilidade das Crianças"
Uma avaliação sobre a mobilidade infantil em 16 países concluiu que
Portugal está na cauda da tabela, uma situação que tem consequências
graves para o aproveitamento escolar e, sobretudo, para a saúde pública,
alerta o coordenador do estudo português.
“Estamos numa situação caótica. As nossas crianças estão fechadas,
amarradas, em casa, não têm liberdade de ação, não vão a pé para a
escola, não brincam na rua. Estamos a viver uma situação insustentável, o
que designo por sedentarismo infantil”, disse à agência Lusa o
coordenador do estudo português, Carlos Neto, professor catedrático da
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.
O estudo português, “Independência de Mobilidade das Crianças”,
concluiu que há alterações necessárias de políticas públicas “mais
ousadas”, pensadas para as crianças para inverter a atual situação:
políticas que permitam aos mais novos brincar e desfrutar do espaço
exterior, que permitam uma maior harmonização entre a vida familiar,
escolar e em comunidade, e políticas urbanas que incluam uma
planificação “mais amiga” das crianças e as encare como parte integrante
e participante da sociedade.
“[…] não temos cidades preparadas para as crianças. Não há qualquer
convite à atividade física. […] Temos as crianças muito sentadas e pouco
ativas. Precisamos de uma verdadeira revolução na forma como podemos
tornar as crianças mais ativas e com mais saúde, física e mental”, disse
Carlos Neto.
Na opinião do coordenador deste estudo em Portugal as crianças têm cada
vez menos liberdade para serem crianças e fazerem coisas necessárias ao
seu crescimento como correr, nadar, dançar, subir às árvores. Afirma
que se estão a criar crianças “imaturas e sedentárias” e que as
consequências se vão pagar a médio e longo prazo.
“Não é só a obesidade, são também as doenças cardiovasculares, as
relacionadas com o foro emocional e afetivo, e, acima de tudo, com uma
socialização difícil para as crianças do nosso país poderem fazer. Temos
que mudar a escola, o estilo de vida das famílias. […] Estamos
convencidos que isto tem consequências no sucesso escolar e no grau de
felicidade das crianças, porque vão ter dificuldades de adaptação na
vida adulta”, disse.
O professor da Faculdade de Motricidade Humana recordou que “estudos
demonstram que crianças mais ativas e com maior socialização no recreio
aprendem mais dentro da sala de aula, têm mais sucesso escolar”.
Um dos aspetos estudados neste trabalho, o trajeto casa-escola, mostra
que apenas 35% das crianças com 8 ou 9 anos vão a pé para a escola e que
nesta faixa etária nenhuma vai de bicicleta. As que são levadas de
carro são a grande maioria (56%).
Só por volta dos 12 anos a grande maioria das crianças portugueses
inquiridas neste estudo (80%) teve permissão para ir sozinha para a
escola ou atravessar sozinha estradas municipais. Só aos 15 anos a
maioria tem autorização para andar sozinha de transportes públicos ou
para circular de bicicleta sem supervisão em estradas principais.
O estudo apurou ainda que as diferenças entre litoral e interior são
cada vez mais esbatidas e que ao nível do sedentarismo os comportamentos
são os mesmos.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A.(http://www2.alert-online.com/pt/news/health-portal/criancas-portuguesas-estao-mais-sedentarias?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20151006)
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