Neurónios intestinais ajudam a impedir inflamação excessiva
Estudo publicado na revista “Cell”
Os neurónios no intestino parecem trabalhar conjuntamente com um tipo
de células imunitárias de forma a proteger os tecidos da inflamação
excessiva. O estudo publicado na revista “Cell” pode ter implicações
importantes nas doenças gastrointestinais como a síndrome do cólon
irritável.
O revestimento do intestino humano tem uma área de superfície total de
cerca de 300 m2. Esta é a maior superfície do organismo que é exposta a
potenciais agentes patogénicos. Diariamente, o intestino absorve cerca
de 100 g de proteínas através da dieta e alberga cerca de 100 triliões
de bactérias benéficas.
De forma a manter uma proteção imunitária de uma área tão extensa,
existem mais leucócitos no intestino do que no restante corpo humano.
Neste estudo os investigadores da Universidade de Rockefeller, nos EUA,
focaram-se em dois tipos de leucócitos conhecidos como macrófagos: os
macrófagos da lâmina própria que podem ser encontrados perto do
revestimento do intestino, estando assim perto dos alimentos ingeridos e
os macrófagos da camada muscular do intestino que se encontram numa
camada mais interna do tecido.
Através da utilização de um sistema de imagens 3D, os investigadores
foram capazes de analisar as diferenças nas estruturas celulares dos
dois tipos de macrófagos. Para além de terem constatado que havia
diferenças na estrutura e no movimento das células, os investigadores
verificaram que os neurónios intestinais estavam rodeados pelos
macrófagos.
O estudo apurou também que na presença de uma infeção os macrófagos da
lâmina própria expressavam preferencialmente genes pró-inflamatórios,
enquanto os macrófagos da camada muscular expressavam genes
anti-inflamatórios. Posteriormente, os investigadores verificaram que os
neurónios do intestino estavam envolvidos na resposta distinta das duas
populações de macrófagos à infeção.
Os investigadores constataram que os macrófagos da camada muscular do
intestino expressavam recetores à sua superfície que lhes permitia
responder à norepinefrina, uma substância sinalizadora produzida pelos
neurónios. A presença deste recetor pode indicar um mecanismo através do
qual os neurónios controlam a inflamação.
O estudo apurou ainda que este tipo de macrófagos são ativados mais
rapidamente através dos neurónios, do que por outras células
imunitárias. Os investigadores sugerem que estes achados explicam por
que motivo estes macrófagos conseguem responder tão rapidamente à
infeção, uma ou duas horas após, apesar de estarem tão profundamente
embebidos na parede intestinal e longe da fonte de infeção.
“Agora temos uma noção mais clara de como a comunicação entre os
neurónios e macrófagos no intestino ajuda a impedir os danos potenciais
da inflamação. É possível que uma infeção grave possa interromper esta
via, conduzindo a danos nos tecidos e alterações gastrointestinais
permanentes que estão presentes em doenças como a síndrome do intestino
irritável. Estes resultados podem ser, no futuro, aproveitados para
desenvolver tratamentos para este tipo de doenças”, revelou, em
comunicado de imprensa, Daniel Mucida.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/neuronios-intestinais-ajudam-a-impedir-inflamacao-excessiva?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20160201)
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