Novas descobertas sobre os mecanismos cerebrais envolvidos na tomada de decisão
Estudo publicado no “Nature Neuroscience”
Um estudo realizado em macacos revelou que determinados neurónios
atribuem valores a opções, enquanto outros se encontram relacionados com
as escolhas finais. Os resultados deste estudo foram publicados na
revista científica “Nature Neurosciences”.
Todos os dias deparamo-nos com a necessidade de tomar decisões, sejam
elas relacionadas com comida, roupa ou até mesmo entre ver televisão ou
ler um livro. Sendo que esta tomada de decisão ocorre numa determinada
parte do cérebro, como é que um número limitado de células cerebrais
consegue realizar um número ilimitado de escolhas?
De acordo com Camillo Padoa-Schioppa, cientista na Escola de Medicina
da Universidade de Washington, e líder da investigação, há diferentes
áreas do cérebro onde atribuímos determinado valor às opções e outras
onde é tomada a decisão em relação à escolha. “Tomados em conjunto,
estes grupos distintos de células parecem formar um circuito neural que
gera decisões económicas”, esclarece o cientista em comunicado da
universidade.
Para este estudo, os cientistas analisaram de que forma este circuito
neural se reorganiza quando são tomadas decisões em circunstâncias
distintas.
Para tal utilizaram macacos e doze sumos de fruta diferentes. Em cada
sessão de prova os animais tinham de optar por uma de duas bebidas
distintas.
“Um animal poderia optar entre um sumo de uva e um sumo de maçã e
alguns neurónios representariam o valor do sumo de uva”, explicou Jue
Xie, primeiro autor do estudo. “Mais tarde, o animal poderia escolher
entre ponche de kiwi e sumo de pêssego, e os mesmos neurónios que tinham
anteriormente atribuído valor ao sumo de uva iriam subsequentemente
atribuir um valor ao ponche de kiwi”, adianta. “Isto significa que não
existe uma célula do sumo de uva ou do sumo de maçã. Os neurónios
associam-se a uma das opções disponíveis a qualquer momento”, revela
Xie.
De acordo com Padoa-Schioppa, enquanto determinadas células,
localizadas no córtex orbitofrontal, são responsáveis por atribuir um
valor a uma opção, outras células distintas encontram-se associadas à
tomada de decisão final.
“Os neurónios que atribuem valor a opções individuais são denominados
células de oferta-valor. Mas se estivermos a escolher entre comidas
diferentes, uma célula de oferta-valor poderá representar o valor de
frango assado, enquanto se estivermos a escolher entre investimentos
financeiros distintos, a mesma célula de oferta-valor poderá representar
o valor de um fundo mutualista”, afirma Padoa-Schioppa.
Apesar de os neurónios individuais terem a capacidade de renovar o
mapeamento da atribuição de valor de acordo com as opções, a organização
geral do circuito neural mantém-se estável, afirmam os cientistas.
“As células de oferta-valor representaram sempre o valor de uma das
opções, enquanto os neurónios que representam o resultado da escolha
representaram sempre o resultado da escolha, independentemente dos sumos
de fruta envolvidos na decisão”, de acordo com Xie.
Os investigadores notaram ainda que dois neurónios associados ao mesmo
sumo de fruta no primeiro grupo de decisões dos macacos se encontravam
igualmente associados ao mesmo sumo de fruta no segundo grupo de
escolhas.
“Se olharmos para as células individuais, os neurónios são muito
flexíveis”, afirma Padoa-Schioppa. “Mas se considerarmos toda a
estrutura, o circuito de decisão é admiravelmente estável. Esta
combinação de estabilidade do circuito e da flexibilidade neuronal
possibilita que a mesma região cerebral gere decisões entre duas
opções”.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/novas-descobertas-sobre-os-mecanismos-cerebrais-envolvidos-na-tomada-de-decisao?utm_source=NL_NOTICIAS&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20160530)
Sem comentários:
Enviar um comentário