Flora intestinal afeta memória?
Estudo publicado na revista “Cell Reports”
Um tipo específico de células imunitárias atua como intermediário entre
as bactérias intestinais e o cérebro, dá conta um estudo publicado na
revista “Cell Reports”.
Os intestinos e o cérebro comunicam entre si através de hormonas,
produtos metabólicos ou ligações neuronais diretas. No estudo, os
investigadores do Centro Max Delbrück para a Medicina Molecular, na
Alemanha, descobriram que uma população específica de monócitos atua
como uma ligação adicional.
No estudo, os investigadores administraram antibióticos a um grupo de
ratinhos de forma a estes ficarem sem bactérias intestinais. Os animais
submetidos ao tratamento apresentaram menos células nervosas
recém-formadas numa região do cérebro conhecida por hipocampo,
comparativamente com aqueles que não receberam o tratamento. A memória
dos ratinhos tratados também ficou afetada, uma vez que a formação de
novas células nervosas, um processo conhecido por neurogénese, é
importante para determinadas funções de memória.
Os investigadores, liderados por Helmut Kettenmann, também verificaram
que uma população específica de células imunitárias, os monócitos
Ly6C(hi), diminuiu significativamente quando a flora intestinal foi
eliminada.
De forma a verificar se os monócitos Ly6C(hi) eram responsáveis pelas
alterações na neurogénese e memória, os investigadores compararam os
ratinhos que não tinham sido tratados com os que tinham uma flora
intestinal normal, mas que apresentavam níveis baixos de monócitos
Ly6C(hi). Verificou-se que os ratinhos com níveis baixos de monócitos
Ly6C(hi) apresentavam os mesmos problemas de memória que os animais que
tinham perdido a flora intestinal. Contudo, quando os níveis de
monócitos Ly6C(hi) foram repostos nos ratinhos tratados com antibióticos
a neurogénese e a memória melhoraram.
O estudo constatou que os efeitos dos antibióticos poderiam ser
revertidos através da toma de probióticos ou da prática de exercício.
Verificou-se que o número de monócitos aumentou e a memória e a
neurogénese melhoraram.
"Com os monócitos Ly6C(hi), talvez tenhamos descoberto uma nova via de
comunicação da periferia para o cérebro”, referiu, em comunicado de
imprensa, uma das autoras do estudo, Susanne Wolf.
No que diz respeito à aplicação dos resultados nos humanos, os
investigadores referem que estes não demonstram que os antibióticos
afetam a função cerebral, uma vez que a combinação de fármacos utilizada
no estudo foi extremamente potente. Contudo, Susanne Wolf refere que é
possível obter talvez os mesmos resultados com tratamentos prolongados
com antibióticos.
A investigadora conclui que este estudo é pertinente no âmbito do
tratamento dos indivíduos com doenças mentais, como a esquizofrenia ou
depressão, que também têm problemas na neurogénese. “Para além da
medicação e prática de exercício, estes pacientes podem também
beneficiar da toma de probióticos”, acrescentou.
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A (http://www.alert-online.com/pt/news/health-portal/flora-intestinal-afeta-memoria?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20160530)
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