PNPAS divulga estudo sobre realidade nacional
O excesso de peso e a obesidade infantis atingiram, nas últimas duas
décadas, uma dimensão preocupante. Em 2013, 42 milhões de crianças com
idade inferior a 5 anos apresentavam excesso de peso ou obesidade a
nível mundial. Se as tendências atuais persistirem, prevê-se que, até
2025, 70 milhões de crianças estarão acima do peso ideal ou terão
obesidade (World Health Organization, 2015a, 2015b).
Também em Portugal, dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde
(2015) revelaram que mais de 35% das crianças com idades compreendidas
entre os seis e os oito anos possuíam uma corpulência excessiva, isto é,
um índice de massa corporal elevado para a idade e sexo, e que mais de
14% das crianças tinham obesidade. Esses dados mostram ainda que, na
população entre os 10 e os 18 anos de idade, a prevalência de excesso de
peso é superior a 30% e a da obesidade ronda os 8%.
Os especialistas Jessica Filipe, Cristina Godinho e Pedro Graça, em
parceria e com o apoio do Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS),
descreveram e observaram 29 programas de promoção de alimentação
saudável e/ou atividade física realizados entre 2001 e 2015 em Portugal.
Foi assim possível reunir, pela primeira vez, neste formato, um
conjunto de informação sobre a realidade nacional ao nível dos projetos
na área da prevenção e controlo da obesidade infantil, permitindo a sua
caracterização.
Os autores concluem que existem vários obstáculos à melhoria e replicação futura destes projetos. Entre eles estão:
- A insuficiente quantidade de informação disponibilizada;
- A utilização de terminologia inconsistente para descrever o conteúdo das intervenções;
- A ausência frequente de uma fundamentação teórica e empírica das atividades e metodologias selecionadas;
- A utilização de desenhos e processos de avaliação não otimizados.
Outro obstáculo a ter em conta é a insuficiência de recursos
financeiros disponíveis. Esta fragilidade torna a sua manutenção
difícil, prejudicando a alocação de recursos materiais vitais para o seu
desenvolvimento, assim como o envolvimento desejável de todas as
partes, com graves repercussões para a sua sustentabilidade a médio e
longo prazo. Assim, a probabilidade de existência de projetos curtos e
sem continuidade aumenta e acarreta outras repercussões, como a falta de
avaliação e de reporte dos resultados de modo conclusivo.
Muito trabalho ainda por fazer e muito apoio a dar a todos os
profissionais de saúde e da educação que obstinadamente teimam em
realizar estas atividades de serviço público, muitas vezes sem quaisquer
condições e com horas pessoais de trabalho extra em prol de uma
sociedade melhor e com mais saúde para as crianças portuguesas.
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