segunda-feira, 31 de março de 2014

O que os médicos não sabem e deviam conhecer sobre Parkinson

Em Portugal, as doenças do movimento são quase tão desconhecidas quanto desvalorizadas
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Quando o cardeal Jean-Louis Tauran se dirigiu à multidão na Praça de São Pedro para anunciar o novo Papa, Francisco, a emoção do momento deixou para segundo plano um pormenor, que não escapou ao olhar dos especialistas: os estranhos movimentos de cabeça do cardeal, acompanhados de algumas expressões pouco naturais. Tauran sofre de Parkinson, algo facilmente identificável a olho nu pelos médicos habituados a reconhecer os sintomas da doença e os efeitos da medicação administrada nestes casos.

A doença de Parkinson é, afirma o neurologista Joaquim Ferreira, a mais mediática das que integram o "subcapítulo das patologias neurológicas designado por doenças do movimento", um grupo que abrange várias perturbações, algumas quase tão desconhecidas quanto desvalorizadas. O tema vai estar em debate nos próximos dias, com a realização do Congresso Nacional de Doenças do Movimento, encontro que arranca esta sexta-feira no Vimeiro e termina no domingo. 

O tremor e a síndrome das pernas inquietas são as doenças do movimento mais prevalentes, refere Joaquim Ferreira. Esta última patologia, acrescenta, "está claramente subdiagnosticada em Portugal, pelo que os pacientes "acabam por ser encaminhados para especialidades que nada têm que ver com o problema", erradamente atribuído a causas tão díspares como "hérnias, varizes ou fibromialgia".

Se o tremor é identificado por movimentos produzidos por contrações incontroláveis e involuntárias dos músculos (e não significa necessariamente Parkinson, como os pacientes temem ao sofrer os primeiros sintomas), a síndrome das pernas inquietas caracteriza-se por um desconforto nos membros inferiores quando em repouso, muitas vezes com queixas de dor, o que "obriga" os doentes a mexer as pernas com frequência.
"São as pessoas que no cinema cruzam constantemente as pernas ou aquelas que nos aviões não conseguem estar sentadas e circulam de um lado para o outro", explica o neurologista. "Aparece nos adultos, com intensidade variável e na maioria das vezes com sintomas ligeiros, mas que se vão intensificando ao longo do tempo e com o avançar da idade". Dados oficiais sobre a incidência da doença em Portugal "não existem", mas Joaquim Ferreira acredita que estarão próximo das médias de Espanha ou França, onde esta síndrome afeta 10% da população.

Ao contrário de outras áreas na saúde, o panorama da investigação e as expectativas quanto a novas terapias, mais eficazes, não é animador no que às doenças neurodegenerativas diz respeito, admite Joaquim Ferreira. "Tem havido muitos falhanços", refere o neurologista, "a que se soma a própria crise no sector da indústria farmacêutica".
Ainda assim, há uma evolução considerável nos últimos dez anos ao nível do tratamento de Parkinson: "Conhecemos melhor as terapias, o que nos permite usá-las também melhor, na melhor sequência e com as doses mais adequadas. E são inegáveis os resultados da cirurgia de estimulação cerebral profunda, sobre a qual fui bastante cético no início".

Os dados do estudo epidemiológico de avaliação da prevalência da doença de Parkinson, que o congresso apresentará e que revelou existirem 13 mil doentes, abre um novo capítulo. "Prepara-nos para ajudar as entidades competentes a fazer o melhor uso dos recursos" e devolve aos médicos o país real nesta matéria.

"Acreditava-se que Portugal teria uma maior prevalência da doença, o que não se confirmou, embora seja agora necessário avaliar a metodologia seguida, pois os dados podem significar que há muitos doentes institucionalizados e que ficaram de fora das informações recolhidas", conclui Joaquim Ferreira.

Ouvir os doentes é outra forma de perceber a doença, diz o neurologista, razão pela qual o advogado Paulo Teixeira Pinto acedeu a dar no Congresso o seu testemunho como paciente. Falará sobre "aquilo que os médicos não sabem e deviam conhecer sobre Parkinson".
 
Cirurgia de estimulação cerebral profunda
A cirurgia de estimulação cerebral profunda (conhecida também por DBS - do inglês Deep Brain Stimulation) é uma terapia usada para melhorar os sintomas da doença de Parkinson. Consiste na implantação de um aparelho, semelhante a um pacemaker cardíaco, que descarrega estímulos elétricos nas áreas do cérebro envolvidas no controle dos movimentos. O objetivo é bloquear os sinais nervosos que causam os sintomas da doença.
Estatina pode abrandar esclerose múltipla em estádio avançado
Estudo publicado na revista “The Lancet”

Um dos fármacos utilizados para diminuir os níveis do colesterol, o sinvastatina, pode funcionar como uma potencial opção de tratamento para a esclerose múltipla secundária progressiva, defende um estudo publicado na revista “The Lancet”.
 
Nos estádios iniciais, a esclerose múltipla é caracterizada por sintomas neurológicos intermitentes, denominada por esclerose múltipla reincidente-remitente. Após 10 a 15 anos, mais de metade dos pacientes desenvolve esclerose múltipla secundária progressiva, um estado caracterizado pelo agravamento dos sintomas e aumento de incapacidade. Contudo, até à data, nenhum dos fármacos licenciados mostrou ter impacto nesta fase da doença.
 
As estatinas têm mostrado ter efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores. Estudos anteriores já tinham demonstrado que a toma de sinvastatina em pacientes com esclerose múltipla em estádios iniciais reduzia as lesões cerebrais. Contudo, os estudos subsequentes encontraram resultados discrepantes.
 
De forma a investigar o potencial efeito deste fármaco na esclerose múltipla secundária progressiva, os investigadores da Universidade de College London, no Reino Unido, administraram a 140 pacientes, com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos, 80mg de sinvastatina ou um placebo, ao longo de dois anos. Os pacientes foram submetidos a ressonâncias magnéticas antes e após o tratamento.
 
O estudo apurou que, comparativamente com a toma de um placebo, a sinvastatina conduziu a uma diminuição na taxa de atrofia média do cérebro de 0,3% ao ano, uma redução de 43% quando foram ajustados fatores como a idade e sexo. Foi verificado que houve também uma melhoria em escalas de avaliação realizadas tanto pelos médicos como pelos pacientes. A sinvastatina mostrou ser geralmente bem tolerada, tendo os eventos secundários sido semelhantes entre os dois grupos.
 
De acordo com os investigadores, liderados por Jeremy Chataway, a interpretação destes resultados deve ser feita com cautela, pois podem não se traduzir necessariamente em benefícios clínicos. No entanto, estes resultados promissores justificam, segundo os investigadores, uma investigação mais aprofundada em ensaio clínicos de fase 3.
 
“Após quase duas décadas de pesquisa, é muito gratificante ver este progresso alcançado, uma vez que beneficiar a vida dos pacientes”, conclui o investigador.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www1.alert-online.com/pt/news/health-portal/estatina-pode-abrandar-esclerose-multipla-em-estadio-avancado?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20140331)
Sono deveria ser prescrito para o tratamento de doenças metabólicas
Estudo publicado no “The Lancet Diabetes & Endocrinology”


Os problemas de sono deveriam ser tidos em conta no âmbito do tratamento e prevenção das doenças metabólicas, nomeadamente da diabetes tipo 2 e obesidade, defende um estudo publicado na revista “The Lancet Diabetes & Endocrinology”.
 
Os investigadores liderados por Bernd Schultes, do eSwiss Medical and Surgical Centre, na Suíça, explicam que para além da predisposição genética, a saúde metabólica é também dependente de fatores associados ao comportamento como os hábitos alimentares e a atividade física. Nos últimos anos, a perda de sono, associada ao estilo de vida das sociedades modernas, tem sido encarada como mais um fator que afeta a saúde metabólica.
 
Assim na opinião dos autores do estudo, o tratamento de alguns tipos de distúrbios de sono, como a apneia de sono, poderá ter um efeito benéfico direto na saúde metabólica dos pacientes. Contudo, atualmente as pessoas não dormem o suficiente. Este é um problema que resulta muitas vezes do tempo que as pessoas despendem com os dispositivos eletrónicos, nomeadamente com os tablets ou videojogos.
 
Adicionalmente, a interrupção do ciclo de sono e vigília ao que os indivíduos que trabalham por turnos são submetidos também parece estar claramente associada com uma deficiente saúde metabólica, a qual é acompanhada por um aumento da taxa de doenças crónicas e mortalidade precoce.
 
Apesar de vários estudos epidemiológicos terem observado que havia uma associação clara entre uma fraca qualidade de sono e as doenças metabólica, até há pouco tempo, a razão desta associação ainda não estava devidamente esclarecida. Contudo, alguns estudos experimentais têm demonstrado que há de facto um efeito direto da perda de sono na capacidade do organismo metabolizar a glucose, controlar o consumo de alimentos e manter um equilíbrio energético.
 
“Estes achados apontam para novas estratégias de intervenções que tenham por alvo a epidemia das doenças metabólicas e as condições a elas associadas. Estudos futuros irão demonstrar se as intervenções que melhoram a duração e qualidade do sono podem impedir ou até reverter os traços metabólicos adversos”, referem os autores do estudo.
 
Entretanto, de acordo com os achados até à data apurados, os profissionais de saúde deveriam motivar os seus pacientes a dormir adequadamente, concluem os investigadores.
 
Fonte - ALERT Life Sciences Computing, S.A. (http://www1.alert-online.com/pt/news/health-portal/sono-deveria-ser-prescrito-para-o-tratamento-de-doencas-metabolicas?utm_source=NL_NOTICIAS_DESTAQUES&utm_medium=email&utm_campaign=NL_AHP_20140331)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Notícia sobre "Espinha Bífida - Do Diagnóstico à Reabilitação" na Revista "Plural e Singular" (pág. 30)

Revista Plural e Singular